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Anos 20 | Anos 30 | Anos 40 | Anos 50 | Anos 60 | Anos 70 | Anos 80 | Anos 90 | Anos 2000 | |
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A década de 70 ficou conhecida como a época de ouro da VARIG, marcada pela maior presença dos jatos nas rotas domésticas e pela chegada dos primeiros wide-body (aeronaves de fuselagem larga). A VARIG fez grandes investimentos na sua principal base, o Aeroporto Internacional do Galeão no Rio de Janeiro, que na época estava inaugurando o seu novo terminal de passageiros. A VARIG criou um centro de treinamento e manutenção e iniciou a construção do maior hangar da América Latina.
No mercado doméstico chegaram os Boeing 727 e Boeing 737, que substituíram os turbo-hélice nas rotas nacionais. Para as rotas regionais, a VARIG trouxe os “Avros”. Os Electra II passaram a operar somente na Ponte Aérea Rio-São Paulo. De 1975 a 1987, os Electra II foram as únicas aeronaves a operar nessa rota.
A introdução dos jatos nas rotas domésticas tornaram as viagens muito mais rápidas, reduzindo, em média, pela metade o tempo de duração. Porém muitas cidades regionais deixaram de ser atendidas por voos regulares, pois não comportavam uma aeronave a jato. Vendo essa situação, o governo brasileiro criou a SITAR (Sistema de Transporte Aéreo Regional), em 1976. O Brasil foi dividido em cinco regiões e foram criadas novas companhias regionais para operar em cada região. A VARIG e a Top Táxi Aéreo se uniram para criar a Rio Sul em 24 de agosto de 1976. A Rio Sul ficou responsável por atender toda a região Sul do país, além dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. A Rio Sul foi oficialmente criada no dia 24 de agosto de 1976 e iniciou voos com os dois primeiros Embraer EMB-110, em setembro do mesmo ano, na rota Porto Alegre - Rio Grande - Pelotas e Rio de Janeiro - São José dos Campos.
Em julho de 1974 a VARIG inaugurou o primeiro voo com o wide-body Douglas DC-10-30, o jato mais moderno e avançado da época, na rota Rio de Janeiro – Nova York. Os DC-10-30 inauguraram uma nova era nos voos internacionais, a aeronave possuía dois corredores ao invés de um. A decoração interna seguia a moda da época com tons de laranja e amarelo e também foi lançado um novo uniforme para as aeromoças.
A década de 70 também foi marcada pela expansão dos voos para América do Sul, com a compra da Cruzeiro do Sul em 1975. Já com relação as rotas internacionais de longo curso, a VARIG chegou na África, em 1970, com a inauguração da rota Rio de Janeiro – Luanda – Johanesburgo. Após a compra da Cruzeiro, a VARIG passou a ser a única companhia aérea brasileira com voos internacionais e a deter mais de 40% do mercado doméstico. Apesar de ter sido incorporada, a marca Cruzeiro continuou existindo até a década de 90 e as propagandas da VARIG passaram a também contar com o logo da Cruzeiro entre a segunda metade da década de 70 e a primeira metade dos anos 80.
Com a introdução dos jatos no mercado nacional e a introdução dos wide-body no mercado internacional, a oferta de assentos por aeronave aumentou consideravelmente. Aliado a isso, na década de 70 o setor de aviação sofreu as consequências do "choque do petróleo", que reduziu a demanda de passageiros e aumentou os custos. Sendo assim a frota da VARIG foi ajustada a essa nova realidade, passando de quase 100 aeronaves para pouco mais de 60. Os antigos turbo-hélices foram substituídos por jatos, assim como os jatos mais antigos foram substituídos pelos wide-bodies.
A VARIG, sob o comando de Erik Carvalho, também criou o maior parque de manutenção aeronáutico da América do Sul. Porém Erik viu-se na obrigação de renunciar ao cargo em 1979, quando problemas de saúde o incapacitaram. Coube a um dos funcionários mais antigos da empresa, Harry Schuetz, um gaúcho de Santa Cruz do Sul, levar adiante os projetos legados por Ruben Berta e Erik de Carvalho. No entanto, da mesma forma que seu predecessor, Harry Schuetz foi obrigado a se afastar do cargo no início de ano seguinte.
No final dos anos 70, a VARIG já era a maior empresa privada do mundo fora dos EUA, a oitava maior do mundo em carga, 14º em extensão de linhas e 22º em passageiros-quilômetros transportados.
Cerimônia de recebimento dos dois primeiros Douglas
DC-10-30
Uniforme das comissárias - década de 70 / Primeira Classe do Douglas DC-10-30 da VARIG.
Propagandas nos anos 70
Como era voar nos anos 1970? Na Primeira Classe, o glamour estava mais presente do que nunca com a chegada dos grandes jatos wide-body. Com mais espaço na cabine, os passageiros podiam desfrutar de bares, salas de descanso e de reunião dentro do avião. A principal atração continuava sendo a refeição, que era servida em porcelana japonesa, taça de cristal e talheres de prata. O caviar era a grande “sensação” a bordo da Primeira Classe da VARIG. Viajar era um “evento” e os passageiros usavam seus melhores ternos e vestidos. Na classe econômica, a refeição era servida em louça, com talheres de metal e copo de vidro. Ao fim da refeição havia ainda café e chocolate suíço. Em 1979 a VARIG ganhou o prêmio de melhor serviço de bordo do mundo, pela conceituada revista americana Air Transport World.
A década de 70 marcou a transição do turbohélice para o jato nos voos domésticos. Os DC-3, Curtiss C-46, Convair e Constellation foram substituídos pelos Boeing 727-100 nas principais rotas nacionais. Apenas os voos regionais, servidos pelos "Avro", e a Ponte Aérea RJ-SP, servido pelos Electra II, continuaram a ser operados por aeronaves turbohélice. Dessa forma, tempo dos voos foi reduzido pela metade e isso afetou o serviço de bordo. Nessa época, o serviço de bordo era demorado e os comissários serviam as refeições em várias etapas. Com a introdução dos jatos, simplesmente não havia tempo suficiente e todo o processo teve que ser remodelado para ser mais rápido. Em voos curtos, como por exemplo de Recife para Natal, eram servidas apenas bebidas. Porém em voos mais longos, como os que ligavam as capitais do nordeste à Rio de Janeiro e São Paulo, tinham serviço de bordo completo. O serviço começava com a distribuição de lenços umedecidos para higienização, logo depois vinha o carrinho de drinks e então duas rodadas de canapés frios. Na próxima etapa vinha o carrinho com os canapés quentes e mini-espetinhos de churrasco e camarão. Depois era a vez das entradas frias, seguida do carrinho de vinhos. Finalmente chegava a vez do prato principal, onde um dos mais famosos era o medalhão de lagosta. Mais tarde era a hora das sobremesas, com direito a doces, bolos, tortas, sorvetes e frutas. Logo depois vinha o carrinho com café, chá e digestivos.
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Década de 70 |
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Evolução da frota (Grupo Varig):
Mapa de rotas internacionais em 1971 / Passageiros embarcando no
Electra II
Boeing 727-100 / Boeing 737-200 e EMB-110 (Museu VARIG)
EM FOCO: Nas asas do Electra II
O Electra II foi um dos modelos de aeronave mais famosos do Brasil e um dos que voou por mais tempo. Foram 30 anos de serviço sem nenhum acidente se quer. Mas o que muitos brasileiros não sabiam é que essa mesma aeronave tinha uma tremenda má fama nos Estados Unidos, depois de vários acidentes fatais. O Electra II foi um fracasso no mundo inteiro, menos no Brasil. O avião foi projetado pela
fabricante americana Lockheed. O objetivo era criar uma
aeronave tubohélice rápida e capaz de transportar mais
de 50 passageiros em rotas de médio/curto alcance.
Nascia então o Lockheed L188, conhecido como Electra II.
As primeiras encomendas vieram da American Airlines e da
Eastern Airlines, em 1957 já haviam 129 encomendas. O
primeiro voo aconteceu em 6 de dezembro de 1957. A
aeronave entrou em serviço pela Eastern no dia 12 de
janeiro de 1959, na rota Nova York - Miami, e pela
American Airlines no dia 23 de janeiro de 1959. Mas no
dia 3 de fevereiro de 1959 um Electra II da American
Airlines caiu no rio East River, quando se preparava
para pousar no aeroporto de La Guardia, em Nova York. No
entanto a investigação culpou a tripulação e não
aeronave pelo acidente. Segundo o relatório a tripulação
não tinha experiência suficiente com um novo tipo de
altímetro que equipava o Electra II. A primeira companhia aérea
brasileira a se interessar pelo Electra II foi a Lóide
Aéreo, que solicitou autorização para comprar alguns
Electra II em 28 de janeiro de 1959, porém o
Departamento de Aviação Civil negou o pedido. A segunda
companhia brasileira foi a Real-Aerovias, que se
interessou por um lote de Electra II colocado a venda
pela American Airlines. A Real-Aerovias acabou fechando
um acordo para comprar cinco Electra II da American
Airlines. Porém a companhia foi comprara pela VARIG em
1961, antes de receber os Electra II. A VARIG sabia da
má fama da aeronave e não queria receber elas de jeito
nenhum. Sendo assim, enviou um representante para os
EUA, em setembro de 1961, para cancelar a compra. Mas a
American Airlines não aceitou e a VARIG foi obrigada a
receber as aeronaves. |