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ÍCARO BRASIL Nº 233 até 253 -  2004 e Janeiro até Setembro de 2005

Voando Longe

PROJEÇÕES ELABORADAS POR ESPECIALISTAS da indústria internacional do turismo apontam a China como um imenso e inexplorado mercado de viagens, pronto a se abrir para o mundo. Calcula-se que até 2008, cerca de 80 milhões de chineses viajarão de avião. A VARIG está preparada para atrair uma parcela significativa desse total. Para isso, a partir da segunda quinzena de agosto, inicia suas operações regulares ligando o Brasil à China. Serão quatro freqüências semanais na rota Rio-São Paulo-Munique-Pequim.

Para ser bom do Brasil

Anos antes de o governo lançar a campanha O Melhor do Brasil é o Brasileiro, as edições especiais O Bom do Brasil já, há oito anos, vinham sendo feitas. E, com o mesmo entusiasmo, ressaltavam empresas, pessoas, artes e modos de viver que se constituíam em motivos de esperança num futuro melhor que, agora, parece mais próximo. É com muito orgulho que posso dizer que a VARIG tem sido, e continua sendo, há 77 anos, um bom do Brasil na consciência dos brasileiros e perante o mundo.

 

Pontualidade e bons serviços

Os cuidados e a atenção que a VARIG dispensa a seus passageiros são internacionalmente reconhecidos. E uma das preocupações permanentes da companhia é oferecer a seus clientes o que há de mais moderno na aviação comercial de todo o mundo. Agora, mais uma vez, a VARIG dá outra demonstração de seu pioneirismo, incorporando em sua frota os modernos Boeing 757, os primeiros desse modelo a voar pelos céus do Brasil.

 

Novas rotas

A VARIG tem uma série de novidades para oferecer a seus clientes durante o segundo semestre que começa agora. Uma delas será a retomada da rota para Munique, na Alemanha, trazendo mais conforto e opções de conexões para seus passageiros. A empresa, que já opera duas freqüências diárias para Frankfurt, passa a oferecer 17 ligações por semana entre o Brasil e um de seus mais importantes parceiros comerciais no continente europeu. Assim, a VARIG também pretende abrir mais uma porta - agora pela Europa - para seus vôos entre a América do Sul e a Ásia, especialmente para o Japão e a China. Além disso, a nova ligação vai oferecer mais freqüências regulares aos torcedores do futebol que pretendem ir à Alemanha assistir a Copa do Mundo em 2006. Em 1º de setembro, a VARIG também altera e amplia suas ligações com Nova York e Miami e, entre 15 de dezembro e 30 de março de 2006, passa a oferecer mais três freqüências semanais para as duas cidades. Para os usuários da ponte aérea entre Rio e São Paulo, outra novidade: a possibilidade de fazer reservas nos vôos entre os dois aeroportos centrais. O novo sistema, porém, manterá a principal característica destas ligações que é a compra de passagens e embarque imediato. A VARIG opera 60 vôos diários na ponte Rio/ São Paulo, com saídas a cada 20 minutos, em média. A empresa também vai aumentar a oferta de assentos no mercado doméstico com a reconfiguração interna de suas aeronaves, oferecendo mais 504 novos lugares nos vôos internos, durante o segundo semestre. Essa é a nossa VARIG, sempre pensando em servir você cada vez melhor.

Omar Carneiro da Cunha
presidente da Varig
presidencia@varig.com

 

 

texto Roberto Muylaert

Um comandante olímpico

Um vôo como o do velejador olímpico Robert Scheidt – que apresentamos nesta edição –, na cabine de um Boeing 767, tendo a seu lado Luiz Martins, presidente da empresa, tem duas facetas interessantes. A primeira é a parte lúdica, de brincar de comandante, com as mesmas sensações de uma experiência real, ao tirar do chão um avião de uma centena de toneladas, com um puxão mais manso do que o manejo da escota, o cabo que controla a vela de seu barco. O segundo aspecto da experiência de quem “pilota” é poder avaliar a importância desse maravilhoso instrumento para o treinamento das tripulações.

 

Editor de Aviação Ernesto Klotzel Ilustração Clayton

Como o avião faz a curva?

O que há de comum entre a curva que um avião faz no ar e as vertiginosas voltas de um piloto no circuito oval de Indianápolis? Pouca. Em toda a curva, no céu e na terra, a chamada força centrífuga produz os mesmos efeitos. Ela é tanto mais forte quanto mais rápida e fechada é a curva. No seu carro, você tende a ser empurrado para um dos lados. No caso da famosa pista oval de Indianápolis, construída para velocidades superiores a 300 km/h, essa tendência quase não se percebe porque ela é inclinada e seu aclive aponta para a margem externa. Já nas corridas de moto o piloto precisa inclinar seu veículo para conseguir o mesmo

 

Avião bate asa?

Basta a mais leve turbulência para que esses movimentos para cima e para baixo passem a impressão de que o avião está... batendo asas. Ora, mesmo durante o taxiamento em terra, essas oscilações são perfeitamente normais e afetam a asa desde a raiz, onde ela se insere na fuselagem, até a ponta, que é sempre o ponto de referência dos mais ansiosos. A explicação simplificada remete às brincadeiras com réguas de madeira, metal ou plástico que todos conhecem da infância, quando se fixava uma das pontas enquanto se elevava e soltava a outra, fazendo-a vibrar até parar. Conforme o material, comprimento ou mesmo uma ação de amortecimento provocada, o tempo e a amplitude da régua que sobe e desce podem variar bastante. Substituindo-se a régua pela asa, seu comprimento pela envergadura e os dedos infantis pelas correntes de ar momentaneamente turbulentas, teremos uma boa analogia do que provoca aquele "bater das asas". Cada modelo de asa é projetado levando em conta sua elasticidade e sua vibração natural ao longo da envergadura, sua ação de amortecimento com relação à fuselagem e outros fatores complexos. As pontas das asas dificilmente se desviam da posição normal mais de um metro, não obstante a percepção dos passageiros mais impressionáveis, que chegam a temer por algo mais sério. O ideal é que eles pudessem assistir a um ensaio numa fábrica da Boeing ou da Airbus. Nesses testes, quebrar uma asa, deformando-a com poderosos macacos hidráulicos, faz parte do programa. A boa notícia é que, nessas experiências, as asas só se rompem depois de superados oito metros, para cima ou para baixo. Aí sim o estrondo é assustador e pode ser ouvido longe.

 

texto e foto werner rudhart

Emoções da serra a costa

Abiruta no canto do penhasco, no bairro Miraflores, se infla bem na chegada do sol, no fim da manhã. É o sinal esperado pela turma dos parapentistas para, finalmente, se deixar levantar pelo vento sobre a escarpa que separa Lima do Oceano Pacífico. Ao lado, no Parque del Amor, os vôos rasantes mal chamam a atenção dos visitantes. Ali reunidos sob um monumento que homenageia um casal de namorados, querem mais é imitar a estátua: deitar e rolar. É agora, nos meses de verão, que a capital do Peru assume este ar leve e iluminado. De dezembro até abril o sol vence com mais facilidade a densa e cinzenta névoa que teima em cobrir a região durante o restante do ano. Como só poderia ser, Lima foi fundada num dia de verão, 6 de janeiro, Dia de Reis. Daí seu primeiro nome Cidade dos Reis. Um rei nunca residiu aqui, só uma série de 40 vices, mas logo a cidade tinha se tornado a mais importante do novo continente, centro da colonização hispânica das Américas. Navegantes mais ligados ao mar e à costa, os conquistadores espanhóis foram impiedosos com as montanhas. Arrasaram com Cuzco, centro do império inca, parap fdepois construir sua própria capital, num dos muitos oásis que os rios andinos formam ao chegar no desértico litoral. Da rica herança colonial de Lima alguns terremotos desastrosos e o crescimento desordenado das últimas décadas pouco deixaram sobrar. Mas no meio da megalópole que hoje abriga um terço da população do país ainda é possível encontrar oásis. O centro histórico reformado, declarado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco, é um deles. E há a grande seleção de museus excelentes. A melhor maneira de começar uma viagem pelo Peru é examinando as exposições excepcionais sobre culturas pré-colombianas no Museo de la Nación e no Museo Nacional de Antropología e Arqueología. Ali, logo fica evidente que a sólida cultura inca nada mais é que a ponta de um iceberg arqueológico.

 

O grande vôo do campeão

Sete vezes campeão mundial na classe laser, nossa grande esperança de ouro em Atenas, eleito em 2001 pela Federação Internacional da Vela o maior velejador do mundo, Robert Scheidt ainda mantinha, ao 31 anos, um velho sonho de menino: pilotar um avião. O que nem foi tão complicado. Numa manhã de junho ele vai até a Ilha do Governador, no Rio, e logo está recebendo as primeiras instruções na cabine de um Boeing 767 da VARIG, sua firme parceira em todos esses últimos vitoriosos anos. Ao seu lado, como co-piloto, ninguém menos do que o presidente da empresa, o engenheiro Luis Martins, ele próprio comandante de Boeing com 17 mil horas voadas. Robert parece emocionado, mas não propriamente nervoso. Manobras delicadas em equipamentos sensíveis não lhe são de todo estranhas. Seu pequeno e inquieto barco laser também exige atenção máxima: não tem freio, o motor é o vento e tanto voa como vira com facilidade Robert bem sabe que com o timão que comanda o leme, e com a escota, o cabo que controla a vela, não se pode bobear. Mas nada tão complexo como essa festa de luzinhas e relóginhos da cabine de um Boeing. E os ventos vão soprar mais altos. – Puxa o manche para cima, puxa com decisão! Robert Scheidt puxa o manche para cima, empurra os manetes de aceleração, o avião empina o nariz, levanta vôo, deixa para trás o aeroporto do Galeão, inclina-se um pouco para esquerda e, lá em embaixo, a cidade do Rio de Janeiro vai surgindo em toda a sua beleza: Gávea, Corcovado, Pão de Acúcar... Firme no manche, Robert vai recebendo as instruções do co-piloto: – Nivela, nivela, mantém esse ponteirinho bem no meio. – Estabiliza, estabiliza, está subindo demais. – Agora só no visual, só no visual. Olha a pista lá embaixo! A pista, por enquanto, não passa de um risquinho de luz ao longe. Decolar não foi tão difícil. Já acertar aquele pontinho lá embaixo, não sei não. Mas Robert vai pousar, temos que pousar. As instruções agora são mais precisas: – Olho na pista, olho na pista, estabiliza, mantém essa cruzinha no centro do quadrado, tenta encaixar na pista, assim não, no centro, no centro! Robert Sheidt, como se estivesse velejando contra o vento, avança um pouco em ziguezague, mas dá uns bordos rápidos, vela para um lado e para o outro, e já em cima da pista o avião toma jeito e é com supremo alívio que a gente sente o ruído seco do trem de pouso no asfalto. – Vai freando, com a ponta dos pés, com a ponta dos pés, acelera o reverso, o nariz reto, o nariz reto.

 

No ar

Voar é um dos sonhos mais recorrentes do ser humano; sonho este presente em todas as mitologias, de todas as culturas e em todas as épocas da humanidade. Hoje, quando esse sonho se tornou realidade, muitas pessoas ainda sentem, agregado ao incontido desejo de voar, um quase incontornável temor ancestral de estar transgredindo as leis da natureza. Neste capítulo, você encontrará dicas e informações que mostrarão ser essa preocupação infundada, e que a aventura de voar como os pássaros é segura e prazerosa.

1- MEDO DE VOAR, EU? Para algumas pessoas – você é uma delas? – , o momento de embarcar num vôo de avião é uma das experiências mais angustiosas e traumatizantes que existem. Imaginem esta situação: aeroporto. Sala de embarque. Você ali, sozinho, aguardando o minuto fatal. Finalmente, o tão temido momento chegou. Você ouve pelo serviço de alto-falantes do aeroporto a chamada de seu vôo e, aflito, dirige-se para o portão de embarque. Uma voz parece assoprar-lhe ao ouvido: “ainda dá tempo de desistir...” Suas mãos estão frias, seu pulso acelerado, o suor escorre-lhe pela testa, a garganta aperta e as pernas fraquejam. Lá em frente, como um titã indevassável, a aeronave aguarda pacientemente a aproximação dos passageiros que seguem, resignados, em fila indiana . “Por que as pessoas não se rebelam?” – você pergunta a si mesmo. “Como podem caminhar assim, tão passivamente, para o sacrifício?” Você nota que alguns conversam animadamente, outros riem, outros aparentam uma calma inexplicável e injustificável. Parece que só você tem consciência da gravidade do momento e do perigo iminente. Titubeante, você sobe a escada. Lá no alto, recebe as boas-vindas das sorridentes comissárias e do simpático comandante. “Como podem sorrir numa situação destas? Eles não são humanos?” Você se arrasta até o seu lugar: “Meu Deus, é na janelinha! Acho que vou desistir...” Mas, atrás vem gente e você é obrigado a desobstruir o caminho. Senta-se, apavorado. “Já sei, vou dizer que embarquei no avião errado, que esqueci uma panela no fogo, que...” Os minutos passam e você toma consciência de que, a cada segundo, fica mais difícil voltar atrás. “Eu jamais deveria ter vindo”, sentencia. A voz misteriosa grita no interior de seu cérebro: “Veja, a aeromoça vai fechar a porta. Não permita que isto ocorra!” Mas, agora, já é tarde. Com uma determinação que você não a julgava capaz, a comissária não só fecha cuidadosamente a porta como ocupa um assento ao seu lado para impedir que alguém – você – saia dali. A cena descrita acima, por mais exagerada que possa parecer à primeira vista, ocorre com freqüência muito maior do que se imagina. Há pessoas que perdem seu emprego ou criam problemas no seu relacionamento pessoal e afetivo apenas porque têm medo de voar de avião. Ter medo de alguma coisa, em princípio, não significa algo ruim. O instinto de autoconservação no ser humano se utiliza desse mecanismo como defesa, e a nossa espécie só existe porque esse instinto nos afastou de inúmeras circunstâncias e situações potencialmente perigosas. O problema consiste em se deixar dominar pelo medo e permitir que ele guie nossa vida. Quando o medo nos impede de atitudes corriqueiras e cotidianas – dirigir um automóvel, utilizar um elevador, atravessar uma avenida, andar de avião... –, então está na hora de procurar o auxílio de um especialista. No caso do medo de voar, as principais causas, de acordo com os estudos realizados em todo o mundo, são:

1. o desconhecimento do funcionamento do avião, de sua tecnologia, da segurança na sua utilização;

2. a ansiedade das pessoas, que as deixa vulneráveis em situações que consideram de risco; e

3. a existência de fobias e angústias arraigadas no indivíduo, que se sobrepõem à razão e tornam o ato de voar quase insuportável – e, algumas vezes, de fato o é.

Por não conhecer a máquina/avião, muitas pessoas têm medo de voar. Elas ignoram a altíssima tecnologia com que o aparelho foi construído, os recursos de segurança existentes a bordo, o extremo cuidado com que sua manutenção é feita. A primeira pergunta que ocorre a quem vê um enorme avião pela primeira vez é: como um objeto tão grande, tão pesado, pode levantar vôo e ficar suspenso no ar? E mais: o que acontece se o motor apagar durante o vôo? Quem garante que não vá ocorrer uma tempestade ou uma forte ventania que derrubará o avião? E se o piloto passar mal ou desmaiar? Estas e muitas outras indagações passam pela mente do leigo, e durante o tratamento para a perda do medo de voar nenhuma questão fica sem resposta. Sobre o peso do avião, por exemplo, é explicado que até mesmo aeronaves de quase 400 toneladas nada precisam para voar além das asas e do ar. Afinal, planadores e asas-delta também precisam apenas desses elementos. Portanto, se a aeronave possui dois, três ou quatro motores e um deles é perdido, a viagem prossegue sem maiores conseqüências. Se a perda do motor ocorre no momento da decolagem – quando um pássaro, por exemplo, é sugado pela turbina –, poderá ser ouvido um barulho seco, como o de uma explosão, o que não deverá preocupar. Eventualmente, além do barulho, ocorrerá uma bola de fogo saindo da turbina. Para o passageiro desinformado, já assustado com o vôo e que esteja próximo à janela, esse é o sinal evidente de uma tragédia. Calma! Aí está um dado tranqüilizador: embora seja esta uma situação remota, é sempre prevista a perda de um motor na decolagem de todo avião. Tudo – o peso da aeronave, a quantidade de combustível, a capacidade de carga e de passageiros – é calculado prevendo essa possibilidade, ou seja, o avião é projetado para fazer uma decolagem com seu peso máximo utilizando um motor apenas. Assim, o piloto tem todas as condições de continuar a decolagem e depois pousar no mesmo aeroporto ou, se for o caso, seguir para outro aeroporto melhor equipado para uma eventualidade desse tipo.

E se os dois únicos motores pararem?

Se essa parada ocorrer durante o vôo, ainda assim continuam existindo condições para se seguir viagem, só que, agora, em trajetória descendente, com o avião planando. Portanto, ao contrário do que imaginam algumas pessoas, o avião não cairá como uma pedra; ele não está “solto” no ar. Quando em vôo, o avião está sustentado por intensas forças aerodinâmicas. Os aviões comerciais modernos têm motores com potência de sobra. Um avião MD-11, por exemplo, tri-reator – com um motor embaixo de cada asa e um na cauda –, possui motores tão potentes que a perda de um deles praticamente passará despercebida pelos passageiros. Num 747, que tem quatro motores, a perda de um deles nem sequer é considerada estado de emergência. Nessa aeronave, se ocorrer a perda de dois motores, alguns procedimentos serão efetuados pelo piloto, e o avião seguirá em frente. Porém, por medida de segurança, já será necessário procurar um aeródromo de alternativa para o pouso e para verificação do que pode ter acontecido. Se parar o terceiro motor, a situação será bem mais crítica, mas o vôo continuará assim mesmo. Agora, se pararem os quatro motores, essa é uma possibilidade tão remota que só pode ser atribuída a um ato de sabotagem. Nesse caso, pode-se esperar pelo pior: um vôo planado e um pouso forçado, mas não necessariamente uma queda.

E quando um dos pilotos desmaia ou morre?

O incidente é considerado uma emergência, mas o outro piloto – há sempre dois na cabine – estará totalmente preparado para assumir o comando da aeronave e conduzi-la sozinho e com segurança.

Como reagir diante dos barulhos que ocorrem durante o vôo?

Ora, o avião é uma máquina com motores, dispositivos elétricos, mecânicos e hidráulicos que fazem barulho dos mais variados tipos e intensidades. Alguns barulhos têm, necessariamente, que ocorrer – é o sinal de que tudo está funcionando perfeitamente: o barulho do trem de pouso, o barulho dos flaps (que são dispositivos nas asas utilizados para diminuir a velocidade do avião e aumentar sua sustentação em baixas velocidades, na decolagem e no pouso), o ronco dos motores que varia de intensidade dependendo da velocidade e do procedimento em curso (decolagem, pouso, vôo de cruzeiro) etc. Caso você ache algum barulho estranho, não hesite em perguntar à comissária que barulho é aquele e se ele é “normal”. Ela lhe explicará o que está ocorrendo.

Turbulência derruba avião?

Em princípio, não. Há turbulências leves, moderadas e severas, e elas podem ocorrer em qualquer fase do vôo. Há aquelas que ocorrem com o céu claro e que não é possível detectar nem mesmo com radares; há aquelas próprias de regiões montanhosas ou que ocorrem sobre cidades com muitos prédios e muito asfalto; as que ocorrem, por exemplo, quando se sai de uma região coberta por vegetação e se entra no espaço aéreo sobre a água. Como fenômeno meteorológico que é, a turbulência ocorre a partir do solo, por causa da formação de colunas de ar aquecido. Portanto, quanto mais baixo o avião estiver, mais perceptível será a sensação do fenômeno. A mais perigosa – e talvez a única que consegue efetivamente derrubar um avião – pode ocorrer durante o procedimento de pouso e é chamada de tesoura de vento. Trata-se de uma coluna de ar descendente junto ao solo. Ela vai empurrar o avião para baixo tornando o perigo de contato com o solo iminente, já que a aeronave se encontra em baixa velocidade e a baixa altitude, portanto com menos sustentação e com menor capacidade de aceleração e de subida para uma altitude de segurança. Felizmente existem aparelhos, tanto na aeronave quanto na cabeceira das pistas, que detectam essas rajadas de vento e avisam ao piloto. O procedimento padrão, nesses casos, é a aplicação da potência máxima aos motores, a colocação do nariz da aeronave para cima com a maior angulação possível e a subida numa velocidade ideal para esta situação, que pode variar de acordo com o peso da aeronave, a densidade e temperatura do ar, e a altitude. Logo que possível, recolhe-se o trem de pouso, seleciona-se um flap menor para diminuir o arrasto e, assim, inicia-se uma arremetida. Lembre-se: arremeter não é o início do desastre, e sim o início de um novo procedimento, desta vez com mais segurança.

É possível a uma criança, como nos filmes, pousar um grande avião apenas seguindo instruções vindas da torre de controle?

Não. A probabilidade de você ganhar sozinho no concurso da sena acumulada jogando apenas seis números “secos” é maior do que a de você, sem conhecimento técnico algum, pilotar um desses aviões – quanto mais a uma criança... Há que se levar em conta o seguinte: a velocidade do avião é muito grande, as coisas acontecem muito rapidamente, e as decisões certas devem ser tomadas às vezes em frações de segundos. Você tem de visualizar, avaliar e coordenar simultaneamente o funcionamento de vários instrumentos. Precisa fazer checagens cruzadas: um instrumento tem de estar compatível com outro que, por sua vez, só pode ser interpretado comparando-o com um terceiro, e assim por diante. Ou seja, todos os instrumentos devem estar harmonizados, e você precisa verificar a velocidade em que se encontra, a posição do nariz do avião, o ângulo de ataque, quanto você está aplicando de potência aos motores, se está mantendo o vôo em linha reta ou se está entrando em curva... Ufa! Melhor deixar isso pra lá... Embora dito desta forma a coisa pareça ser bastante difícil, para o piloto profissional, que passou por intenso treinamento, o procedimento é quase automático, assim como o é, para o motorista de um carro, trocar as marchas sem olhar para o câmbio. Lembre-se que, para chegar a comandante de uma aeronave, o piloto leva de 10 a 15 anos voando como co-piloto. Além disso, ele passa por pelo menos quatro avaliações anuais obrigatórias – duas avaliações físicas e duas de proficiência de vôo.

 

O Caminho de Santiago de bicicleta

Text & Photo: José Antônio Ramalho

Das rotas para chegar a Santiago , as mais conhecidas são a francesa; a portuguesa; a da Prata, que sai de Sevilha; e a do Norte, que margeia o Mar Cantábrico. Munidos de notebook, câmera digital, celular-câmera e 20 quilos na garupa, eu e meu amigo Irineu Masiero decidimos fazer, e de bicicleta, a rota francesa de quase mil quilômetros Nossa rota começa na pequena Saint Jean Pied-du-Port, nos Pireneus franceses, e termina além de Santiago , na longínqua Finisterre (fim da terra,em latim). Celtas e romanos acreditavam que ali terminava o mundo. Antes de cair na estrada, duas advertências, uma de ordem física e outra, espiritual. Fisicamente, qualquer um pode pedalar esses 13 dias de percurso (a pé são 30), desde que antes se prepare em casa, gradativamente. Espiritualmente, o Caminho de Santiago é mais do que uma penitente busca de si mesmo e da verdade, alguma verdade. Para o simples turista, ele é também uma experiência em que todos os sentidos são generosamente contemplados. Levita-se por paisagens deslumbrantes, ouvem-se línguas, dialetos e músicas únicas, saboreiam-se memoráveis pratos regionais, fala-se com pessoas do mundo inteiro, experimenta-se a grave textura das pedras, igrejas e castelos milenares, mergulha-se no perfume das mais diferentes e delicadas flores e campos. Essa festa dos sentidos é também o Caminho de Santiago, além, é claro, de uma grande e sagrada experiência de paz. Difícil detalhar cada passo da nossa grande pedalada. Ressalto alguns momentos. Nossa rota começa com a subida dos Pireneus, na fronteira entre a França e a Espanha. O primeiro trecho já é duro e desafiador, mas bosques de pinheiros confortam na longa marcha e, lá no alto, a 1.057 metros de altura, num lugar chamado Ibañeta, uma intensa neblina dá atmosfera mística à região. A partir dali, de Roncesvalles a Pamplona o percurso alterna elevações e baixadas, corta os vales dos Rios Arga, em Zubiri e Esteribar, em Larrasoaña. Agora são plantações de trigo e o perfil distante dos Pireneus que alegram a paisagem. E mais: o sobe-e-desce das colinas brinca de esconder monastérios, igrejas medievais e moinhos. A partir de Nájera, o solo começa a ficar mais pedregoso e é a vez das videiras darem o ar da graça. Grandes áreas simetricamente plantadas indicam que a região de Rioja sep faproxima e, com isso, os bons vinhos também.

No caminho de Burgos até León, na província do mesmo nome, trigais da planície sem fim inspiram muita paz ao peregrino. Com suas cerejeiras à beira da estrada e margaridas nos campos, a região é tão certinha que parece cenário de filme infantil. Flechas amarelas vão indicando o caminho a tomar. De León a Rabanal del Camino, o trajeto já prenuncia uma subida que chega ao auge em Foncebadón, no Monte Irago, onde fica a famosa Cruz de Ferro, um símbolo com mais de 2 mil anos de história. Pouco depois da cruz, a forte descida até o belo Vale de Ponferrada. A elevação até o Cebreiro é o maior desafio aos ciclistas e aos pedestres. Penitência pura, recompensada pela fantástica vista que se tem lá do alto. A subida continua até próximo a Sarriá, quando uma descida de dez quilômetros nada fica devendo a uma montanha-russa. Em Portomarín, a maior alegria é encontrar o Rio Minho, limpo, largo e elegante. Depois de mais um sobe-e-desce entre Ventas de Narón e Palas Del Rei, o caminho parece que ganha uma vida e uma suavidade que já p fprenunciam Santiago de Compostela. Santiago de Compostela. Chegamos ali pelas 11 da manhã. A alegria de chegar só é compreensível por quem percorreu o caminho. As dores e venturas, os altos e baixos do caminho. Que é como refazer, entendendo melhor, o próprio caminho da vida. Final da tarde, boa hora para fotografar a sombra das nossas bicicletas na grande catedral erguida sobre o túmulo do apóstolo. Reunimos as últimas energias e fomos até Finisterre. Chegar ao fim do mundo não é fácil. Do mar vem um vento frio, neblina e umidade, e a paisagem é grave e misteriosa como a um fim do mundo convém.

Gastronomia e hospedagem País Basco, Rioja, Castilha-León, a riqueza da culinária do norte da Espanha é um prazer que se renova a cada passo do caminho. Presuntos defumados, chamados de jamón, aspargos de Navarra, polvos, lulas, lagostas, mexilhões, centollas (um tipo de caranguejo) e toda espécie de frutos do mar e pescados do frio Mar Cantábrico, mais carne bovina, de porco e carneiro das planícies da Mancha, queijos manchegos, os famosos tetillas, gaspachos, vinhos de Rioja e sangrias, morcelas de Burgos e León, e outras delícias fazem a festa do peregrino. Caro? Nem sempre. Em todo o trajeto o viajante encontra o "menu do peregrino", composto de pão, água ou vinho, primeiro prato, segundo prato e postre (sobremesa), a um preço médio de 8 euros. De posse da credencial do peregrino, o viajante pode se hospedar em albergues que oferecem cama e banho por 5 ou 6 euros. No Brasil, a credencial do peregrino e outras informações podem ser obtidas pelo site www.santiago.org.br

 

 

Cantoras brasileiras.

A VARIG preparou uma programação muito especial que estará no canal de áudio de todas as companhias da Star Alliance no período de 1º de janeiro a 28 de fevereiro de 2005. São as divas brasileiras com suas melhores interpretações. Uma pequena amostra do universo musical brasileiro para o mundo, nas vozes de Maria Bethânia, Rita Lee, Nara Leão, Marisa Monte, Daniela Mercury, Ana Carolina, entre outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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