ÍCARO BRASIL Nº 224, 225 e 226
- Abril, Maio e Junho de 2003
Sucesso
conjunto
Ao fim do
primeiro mês de operações conjuntas VARIG-TAM,
podemos afirmar que essa primeira experiência na
direção de uma fusão mais ampla tem sido plenamente
coroada de êxito. As empresas otimizaram a
capacidade de seus vôos, e os passageiros, além de
nada perder em padrão de atendimento, tiveram
aumentadas suas opções na hora de marcar as idas e
vindas dentro dos destinos cobertos por essas
operações. Code share, pool, joint-ventures – as
operações conjuntas podem tomar diferentes nomes e
implicações, mas constituem, há tempos, uma prática
muito comum e testada na aviação do mundo inteiro. A
razão é clara. Como a aviação é uma indústria que
exige altos investimentos, a racionalização das
linhas e o pleno aproveitamento da capacidade das
aeronaves tornam-se uma simples questão de eficácia
e lucratividade. Foi assim que, ao longo do anos,
inúmeras vezes a VARIG estabeleceu operações
conjuntas para viabilizar determinadas rotas e vôos.
Com a Iberia, Alitalia, e Lufthansa para a Europa;
com a JAL para o Japão; com a Canadian para o
Canadá; com a Ecuatoriana para o Equador... A
própria Star Alliance, um pool que reúne algumas das
maiores empresas do mundo e do qual a VARIG tem a
honra de participar, é uma operação conjunta
sofisticada e de inegável sucesso. Do nosso
compartilhamento de vôos com a TAM espera-se um
crescimento cuidadoso e sólido, tendo sempre como
objetivo a conveniência e a satisfação dos
passageiros. Na verdade, essa operação conjunta
envolve, por enquanto, apenas 5% da oferta dos vôos
e, numa segunda fase, deve chegar aos 15% dos vôos
domésticos. Mas trata-se de um primeiro e promissor
sinal do quanto inovações conduzidas com seriedade e
experiência podem trazer vantagens para todos,
passageiros e empresas.
Japão, Buenos
Aires
Ícaro Brasil
comemora nesta edição os 35 anos da rota
Brasil–Japão, uma histórica linha da VARIG que só
veio estreitar ainda mais as relações entre dois
países tão distantes e ao mesmo tempo unidos por
muitos laços comerciais e humanos. Vista como
arriscada na época, essa rota logo se revelou uma
das mais bem-sucedidas da companhia. Tanto que hoje,
35 anos depois, estamos pleiteando um aumento de
freqüências para Tóquio. Como a VARIG é hoje a única
empresa brasileira a manter uma linha direta para a
Ásia, gostaria de lembrar que a pneumonia asiática
que assola alguns regiões ainda não teve impacto
sobre o Japão. Japoneses vistos com máscara no rosto
sinalizam apenas para um hábito em caso de simples
gripe num país famoso por seu senso de bem comum. O
Serviço Médico da VARIG tem orientado a tripulação
sobre como agir em casos da mais leve suspeita. Uma
outra boa notícia no âmbito internacional é um tanto
delicada de comemorar porque tem implicado em
prejuízos para muitas das nossas co-irmãs no mundo,
mas o fato é que a VARIG em nenhum momento teve a
lotação dos seus vôos para o exterior afetada pela
Guerra do Iraque. No plano doméstico, gostaria de
ressaltar que o sucesso do compartilhamento de vôos
com a TAM verificado no Sul e Sudeste estende-se
agora para o Norte e o Nordeste, abarcando
praticamente o país inteiro. E o que internamente
parece dar certo está sendo testado nos vôos para
Buenos Aires, onde a VARIG e a TAM montaram uma
autêntica ponte-aérea com oito vôos diários. Bem
conectada à vasta malha nacional de rotas VARIG-TAM,
ela propicia boas opções de vôo para passageiros de
todo o país. Em boa hora esta ponte está sendo
lançada. A Argentina recupera-se rapidamente das
crises que enfrentou e, futebol à parte, brasileiros
e argentinos se entendem e se estimam muito mais do
que costumam admitir...
A grande
oportunidade
Fico feliz ao
ver que meu primeiro editorial em Ícaro Brasil
coincide com a comemoração dos 20 anos de uma
revista que, mês a mês, tem se revelado uma
excelente companheira de viagem dos nossos milhões
de passageiros e um precioso elo entre eles e a
companhia. Meus parabéns a todos os que, sempre com
tanta beleza e empenho, fazem Ícaro Brasil. Assumo a
presidência da VARIG num momento verdadeiramente
desafiante para a empresa e a aviação comercial
brasileira. Mas estou otimista. Tenho certeza de que
do processo de fusão ora em curso na velocidade e
seriedade exigidas surgirá uma empresa forte,
respeitada, com excelente qualidade de serviço,
capaz de continuar a orgulhar os brasileiros também
pelos céus do mundo. Mas gostaria de lembrar que,
mesmo importante e necessária, a fusão é apenas um
passo na direção do essencial que é uma aviação
comercial brasileira igualmente sólida e admirada,
longe do processo dos problemas e limites que até
agora enfrentou. País continental, o Brasil não pode
prescindir de uma aviação eficiente e abrangente. Na
década de 60, pelo menos 300 cidades brasileiras
eram servidas por transporte aéreo. No ano passado,
eram 180 e hoje não passam de 130. Esse recuo deve
preocupar a todos porque, crucial para o mundo dos
negócios, o transporte aéreo é também um ágil
mecanismo de integração nacional e presença viva de
um país no exterior. Garantem os especialistas que,
por tudo isso, sua pujança é um dos mais seguros
indicadores de desenvolvimento. Não foi por nada
que, nos últimos anos, governos de países
desenvolvidos têm investido bilhões de dólares com o
propósito de fortalecer sua aviação comercial.
Presidir uma empresa que já é parte da história e da
própria cidadania do país é para mim um grande
motivo de orgulho. Mas esse sentimento cresce quando
vejo que assim posso participar mais ativamente do
processo de reestruturação do transporte aéreo no
Brasil, que em boa hora este governo está promovendo
e apoiando. Tenho certeza de que, com uma aviação
mais fortalecida e melhor regulada, ganharão os
passageiros, ganharão as empresas e ganhará o país.
O Brasil precisa, merece e terá a indústria de
aviação comercial necessária para garantir seu
crescimento e integração. Não vamos perder essa
oportunidade histórica.
texto Roberto Muylaert
Leitores
imaginativos e ousados
É muito bom ter
leitores como você. De fato, é um privilégio entrar
em contato com pessoas que sempre reagem com
inteligência e sensibilidade àquilo que propõe uma
publicação como a nossa. Para os leitores, a
vantagem de receber Ícaro Brasil – 130 mil
exemplares distribuídos e auditados por mês – é que
a pauta busca sempre cobrir os assuntos de seu
interesse. E para os anunciantes existe a certeza de
atingir com precisão o público-alvo. Especial é
também o fato de que o nosso perfil de leitores não
varia de mês para mês, sendo sempre composto de On
Board 75% de público classe A e 69% de pessoas com
alto nível de decisão em suas empresas. Apesar do
perfil do passageiro ser sempre o mesmo, eles variam
de viagem para viagem, criando um público acumulado
muito maior do que acontece, por exemplo, com as
revistas de assinantes, onde os leitores são sempre
os mesmos, enquanto durar a assinatura. Aos 20 anos,
resolvemos mexer com a imaginação dos nossos
leitores, indagando sobre o seu mais secreto sonho
de consumo. Já recebemos centenas de cartas (a
promoção vai até 30 de abril), imaginativas e
ousadas. Nada mais natural, para um público que
possui respeitável currículo de objetos de consumo
nobre, como carro importado (47%), barco/veleiro
(11%) e até mesmo helicóptero/avião (2%). Na edição
de junho, a do aniversário da revista, você vai
gostar de ver como os leitores soltaram a
imaginação. Aguarde!
Uma edição repleta de
vintes
Ser editor de revista
é um privilégio, pela variedade dos assuntos e das
pessoas que encontramos. E quem já participou de uma
reunião de pauta, onde a redação discute os assuntos
que estarão nas próximas edições, sabe como é bom
ter encontro semanal marcado com gente inteligente,
preparada e divertida. E numa edição como esta de 20
anos, o prazer do editor é dobrado, já que são
poucas as publicações que podem comemorar duas
décadas, como Ícaro Brasil. E como idéia puxa idéia,
cá estamos nós produzindo uma edição inteira baseada
no número 20, onde a imaginação é o limite. Assim,
passamos por jóias de metais nobres, e também por
bichinhos alados, cujo projeto de design sintetiza,
na escola da natureza, os diversos estilos de arte
que a humanidade foi capaz de produzir até hoje. E
como o ano de 2020 tem dois vintes, fixamos nele um
bem fundamentado exercício de futurologia, do
professor Eduardo Giannetti, um brilhante
intelectual brasileiro da nova geração. Também
mostramos, com 20 exemplos, uma coleção de roupas
que não sai da moda. E bota 20 nisso, nem dá para
enumerar tanta coisa que descobrimos para você em
torno desse número mágico. Então, puxamos a brasa
para a nossa revista, com as 20 aberturas de
matérias que marcaram o período (você vai lembrar de
algumas delas) e os 20 aviões da VARIG que
selecionamos dentre os modelos que a empresa
utilizou desde a sua fundação, em 1927 (você vai
lembrar de alguns deles). O destaque final é para
você, que nos premiou, com seus recônditos sonhos de
consumo, representados por mais de 500 respostas que
chegaram à redação. Pessoas e idéias que, de tão
originais, poderiam reforçar nossa reunião semanal
de pauta, para alegria de toda a redação.
Editor de Aviação Ernesto Klotzel Ilustração
Clayton
Simulador,
cada vez mais real
Um simulador
de vôo é, funcionalmente, uma clonagem perfeita do
modelo de avião que representa. Na prática, é
preciso muita imaginação para ver um Boeing ou um
Airbus naquele enorme caixote de pernas finas e
pinta de módulo lunar. As aparências enganam: seu
papel é vital na formação, transição e reciclagem de
pilotos. Eles são tão importantes que hoje se
fabricam simuladores não só para os modelos mais
comuns de jatos comerciais como para aeronaves
executivas, helicópteros e uma ampla gama de
aeronaves militares. A refinada tecnologia do setor
permite que os protótipos de novas aeronaves
comerciais iniciem
texto Carlos Moraes foto Iara Venanzi
UM DIA PLENO EM TÓQUIO
Sabe esses grupos de observadores de
aves? Gente que atravessa o mundo para ver de perto
um pica-pau diferente? Pois quem viaja para um país
distante o melhor que faz é se tornar um exímio
observador de gente. No Japão isso é obrigatório.
Primeiro porque lá gente é o que não falta e depois
porque eles vivem muito ao contrário mesmo. Comem
com pauzinhos, escrevem em forma de pauzinhos,
servem peixe cru, fazem doce de feijão, as portas
abrem para o lado, os carros andam na contramão, e
quando você pensa em dormir, o pessoal daqui ainda
está fazendo o café da manhã. A multidão que
funciona. Como? Observe, descubra. Seja observador
de gente, faça turismo existencial. Volte mais
sábio.
9h00 Em Tóquio, nada como acordar no
clássico e confortável Palace Hotel 1. Sabe quem é o
seu vizinho da frente? O imperador. O hotel fica
junto aos canais e jardins do Palácio Imperial. De
certos apartamentos pode-se até ver o palácio de Sua
Majestade. E a vizinha do lado? É a VARIG,
praticamente no mesmo prédio; há 42 anos exerce ali,
pontualmente, uma função de consulado informal dos
brasileiros na cidade. Da janela dos seus
escritórios, no quinto andar, se vê também o Palácio
Imperial 2 e, nos dias claros, as brancas cumeeiras
do Monte Fuji. Mais Japão, impossível.
9h30 Uma boa primeira idéia logo de
manhã é visitar o imperador. É só sair do hotel,
atravessar a rua e seguir à esquerda por um largo
parque até uma pontezinha p fdupla, a Nijubashi: é a
melhor vista do palácio. Saudado o imperador, volte
para atravessar a rua do hotel na altura da grande
avenida, no fim da qual se divisa, toda graciosa nos
seus tijolinhos vermelhos, a populosa Tokyo Station
do metrô. Por ela vai começar seu passeio pela
cidade. Por que região famosa? A Ginza das luzes, a
alegre Shibuya da meninada, a Harajuku das bruxinhas
performáticas? Calma que em Tóquio cada ano tem
bairro de moda. A sugestão é começar por um novinho
em folha e próximo do hotel, pouco conhecido e já
muito elegante: Shin-Marunouchi Building.
10h40 No fim da avenida à direita,
bem na frente da Tokyo Station, ergue-se, há pouco
inaugurado, o Shin-Marunouchi Building 3. Ele bem
resume a variada e harmônica pujança da cidade. Tem
lojas finas nos primeiros andares, escritórios nos
seguintes, um belvedere envidraçado no 36o andar
para uma primeira vista aérea da cidade e no 37o
restaurantes que já valem pela decoração. E não
esquecer, na saída, de descer para o basement, o
porão de delícias que este tipo de prédio esconde,
povoado de comidinhas e docinhos da mais fina
elaboração. Esse turismo de basement pode até
parecer meio caipira, mas japonês é um povo editor e
só a maneira como eles embalam os produtos tudo
justifica.
11h30 À esquerda do Shin-Marunouchi
Building, começa uma silenciosa rua de
paralelepípedos cheia de butiques de ambos os lados.
Na segunda esquina, um pouco da França na
boulangerie Mikuni’s. No fim da rua, e só para sair
um pouco desse mundo sutil, os vários andares da Bic
Câmera concentram tudo em câmeras, eletrônicos e o
que você imaginar. Na rua paralela, à esquerda,
submeta-se à sóbria ousadia dap farquitetura no
Japão visitando o Fórum Internacional de Tóquio 4,
onde há sempre exposições interessantes, e observe o
ousado átrio curvo de 60 metros em vidro e metal.
12h30 Guinza está logo ali,
atravessando um viaduto. Mas calma, melhor fazer
outro corte na cidade. Tome o metrô (Hibiya–Nogizaka,
linha verde). O metrô de Tóquio parece complicado,
mas desvendá-lo coloca uma cidade única a seus pés.
Então leia o nosso boxe e tente. Depois, o metrô é
um bom lugar para seu papel de observador de gente.
Os japoneses ali estão de guarda baixa, nas três
únicas posturas possíveis – dormindo, lendo ou
furungando alguma das multifunções do celular. Veja
como no banco da frente essas três japonesinhas
brincam de celular. A quarta dorme. Aposta: ela vai
acordar ep fpegar o celular. Mal acorda, ela se
agarra no celular. Moral da história: a ansiedade é
global. Filosofando, filosofando, você chegou à
estação Nogizaka. Ao subir pela saída da Ayoma-dori,
eis que à sua frente se estende aquela que é chamada
a Champs-Elysées de Tóquio, a larga, arborizada e
grifada Omote-sando 5.
texto e fotos Salomão cytrynowicz
O Brasil em 2020
O futuro nos interroga. O que esperar
do Brasil em 2020? Existem três formas básicas de se
tentar preencher o vácuo do futuro. A previsão
trabalha com a noção de provável e responde à
pergunta: o que será? A delimitação do campo do
possível opera com a idéia de exeqüível e responde à
pergunta: o que pode ser? E a expressão da vontade
trabalha com a noção de desejável e responde à
pergunta: o que sonhamos ser? As relações entre
esses três modos de conceber o futuro não são
triviais. Se o desejável não respeitar os limites do
possível, ele se torna vazio e quixotesco (quando
não trágico).
Mas isso não é tudo. No universo das
relações humanas, tanto o exeqüível como o provável
dependem muito da força e da competência do nosso
querer. Se o sonho desligado da realidade não vinga,
a realidade desprovida de sonho definha. Dezessete
anos nos separam de 2020. Seria utópico (no mau
sentido) imaginar que o Brasil conseguirá, nesse
curto intervalo de tempo, superar por completo as
suas mazelas de ordem material. Temos 503 anos de
história pelas costas. Nossos problemas seculares de
convivência prática – saúde, educação básica,
privação, violência e desigualdade – não se prestam
a curas milagrosas e arroubos voluntaristas. Grandes
avanços, é claro, podem e devem ser feitos. Mas não
existem atalhos. Mesmo supondo que tudo transcorra
tão bem quanto se possa sonhar em áreas críticas do
combate à pobreza como a formação de capital humano,
o planejamento familiar e a geração de empregos por
meio da reforma do mercado de trabalho e da retomada
do crescimento, é forçoso reconhecer que o caminho à
frente será longo e exigirá o trabalho consistente
de mais de uma geração de brasileiros. Se tudo
correr bem, não é utópico acreditar que em 2020
tenhamos conseguido reduzir em larga medida – ainda
que não eliminar por completo – a distância que nos
separa dos indicadores sociais dos países
desenvolvidos.
A igualdade de resultado oprime, a
igualdade de oportunidade liberta. A superação da
pobreza que debilita e restringe a margem de escolha
de tantos brasileiros representa a dimensão prática
e material de um sonho compartilhado de nação. A
realidade objetiva, entretanto, não é toda a
realidade. Cada cultura incorpora um sonho de
felicidade: a vida das nações, não menos que a dos
indivíduos, é vivida em larga medida na imaginação.
Para além da dimensão pragmática, qual a constelação
de valores que animam o nosso sonhar coletivo?
Existirá ma utopia mobilizadora da alma e das
energias dos brasileiros? O que o Brasil teria a
dizer ao mundo se pudesse superar as mazelas do seu
atraso socioeconômico? “Um país pequeno com
horizontes pequenos”, afirmou o rei Leopoldo II
sobre a Bélgica. Será esta a vocação brasileira?
Ouso crer que não. “Se um grande povo não acreditar
que a verdade somente pode ser encontrada nele
mesmo; se ele não crer que ele apenas está apto e
destinado a se erguer e redimir a todos por meio de
sua verdade, ele prontamente se rebaixa à condição
de material etnográfico, e não de um grande povo.
Uma nação que perde esta crença deixa de ser uma
nação.” Como ler o desafio lançado por Dostoievski,
em Os Possuídos, e não se pôr imediatamente a pensar
no Brasil ideal que pulsa e vibra no coração do
Brasil real? Um Brasil 2020 que mereça ser sonhado
não pode ser mera fabulação da imaginação
caprichosa. Ele precisa partir do que efetivamente
somos – das virtudes e defeitos que se entrelaçam em
nosso destino de nação. Ele precisa reconhecer os
limites e condicionantes herdados do passado para
traçar o mapa do que podemos e o norte do que
sonhamos ser. É garimpando o cascalho de nossas
conquistas e reveses que chegaremos à lapidação do
diamante de nossos saberes e potencialidades. O
segredo da utopia (no bom sentido) é a arte de
desentranhar a luz das trevas. Há um futuro luminoso
– épico remisso na visão de um poeta – querendo
despertar das ameaças e promessas do presente. Que
país não poderia ser o nosso!
texto Roberto Muylaert
20 aviões históricos
Para homenagear os 20 anos de Ícaro
Brasil, selecionamos 20 aviões utilizados pela VARIG
em seus 76 anos e lembrados com carinho pelos
passageiros. Por esse critério destacam-se o Dornier
Wal Atlântico, fundador da empresa; o Super
Constellation, da era do charme na aviação; o fiel
Electra, com 17 anos na ponte aérea, e o valente
707, que inaugurou as viagens longas a jato. Dornier
Do J Wal Lugar de honra na relação dos “20 mais”, o
Dornier Wal (baleia em alemão), o primeiro avião da
VARIG,p fresponsável pela fundação da empresa, em
1927. De relance, um aparelho desajeitado, mas que
transportou bravamente 652 passageiros, em 210 horas
de vôo, a 180 quilômetros por hora, em seu primeiro
ano de operação, sem nenhum acidente. A primeira
linha ligava Porto Alegre a io Grande (270
quilômetros), trajeto propício para hidroaviões,
tendo a Lagoa dos Patos à disposição para pouso a
qualquer hora. O embarque no Atlântico era operação
da qual participavam o fundador da nova companhia,
Otto Ernst Meyer, e seu primeiro funcionário, um
“moço vigoroso”, chamado Ruben Berta, que presidiria
a VARIG de 1941 a 1966. Dentro do avião, um espaço
generoso, cadeiras de vime confortáveis, e o rugido
dos dois motores Rolls-Royce, “infernal”, no dizer
de Oswaldo Muller, funcionário da empresa que fazia
onda com uma embarcação, para o avião ganhar impulso
na decolagem. A última viagem do Atlântico foi de
Porto Alegre ao Rio de Janeiro, ida e volta, levando
um ilustre passageiro, o futuro presidente Getúlio
Vargas. Junkers F-13 ke Responsável pela abertura de
diversas linhas da VARIG, era um avião confiável,
fabricado na Alemanha. Um aparelho pronto para
enfrentar pesadas turbulências. Com capacidade para
pousar tanto em pistas de terra, como de grama. O
posto de pilotagem ainda era aberto, ficando os
pilotos protegidos apenas por um pára-brisas. A
VARIG tinha dois F-13, chamados Livramento e Santa
Cruz. Monomotor, o avião era feito com chapas de
alumínio onduladas, para aumentar a resistência
estrutural, assim como seu irmão maior, o Junkers Ju-52/3
mge. Junkers Ju-52/3 mge Modelo que ficou conhecido
na Segunda Guerra Mundial, por sua intensa
utilização no transporte de soldados e do alto
comando nazista. Desempenhava papel semelhante aos C
47 dos aliados, conhecido na aviação comercial como
DC-3. A silhueta do Junkers era bastante conhecida
pelos freqüentadores dos aeroportos Santos Dumont e
Congonhas, onde
Mais cinco prêmios internacionais
para o serviço de bordo VARIG.. Pelo quarto ano
consecutivo a VARIG foi reconhecida pela
criatividade de seus produtos e inovação em seu
serviço de bordo no 17º Onboard Service Awards
realizado em Orlando, Flórida. Promovido anualmente
pela Onboard Services Magazine, a maior publicação
internacional voltada à indústria de transporte
aéreo, o concurso destaca as empresas e os produtos
que comprovadamente representam inovação ou
excelência em serviços de bordo. Concorrendo em 4
categorias com mais de 40 empresas do mundo todo, a
VARIG arrebatou cinco prêmios: Categoria Tableware –
DIAMOND AWARD, pelo novo conjunto de louças e panos
para a VARIG First e VARIG Business, desenvolvido
pelas empresas Schimidt e Karsten – projeto Raízes;
Categoria Segurança a Bordo – DIAMOND AWARD, pelo
novo vídeo de segurança produzido no Brasil pela
agência de criação Cia. De Design no Rio de Janeiro,
com uma abordagem moderna a arrojada, mesclando
ilustrações com movimentos de câmera em 3D;
Categoria Entretenimento – DIAMOND AWARD, pelo vídeo
de instruções sobre o sistema interativo de
entretenimento do B777 com a comissária virtual
Aleph; Categoria Serviço de Bordo – EMERALD AWARD,
para o conjunto de produtos para a comemoração a
bordo dos 75 anos da VARIG: lata especial para
embalar os lanches da Ponte VARIG, forros de
bandeja, coleção de porta-copos, caneta “revival”
dos anos 70, caixas de lanches e a disputada caneca
para café com fotos históricas; Prêmio Melhor
Companhia Aérea do Ano – OVERALL AWARD, pela
supremacia dos produtos e serviços criados,
integrando todos os elementos relacionados a
segurança do passageiro, conforto e entretenimento a
bordo.
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