ÍCARO BRASIL Nº 213 -
Maio de 2002
Quando se lê a
história do início das operações da VARIG, há 75 anos, muito bem
contados nesta edição de Ícaro Brasil, dá para constatar o valor de
uma boa idéia, do espírito empreendedor de pioneiros e de onde surge
uma tradição tão bem enraizada como a da nossa companhia. Tudo isso
está na fonte dos pontos mais fortes, entre todos
os quesitos que são levados em conta, quando se escolhe uma empresa
aérea para voar.
De um lado estão seres humanos que precisam se deslocar no espaço,
cobrindo distâncias em pouco tempo. De outro, gente que possibilita
que isso aconteça, técnicos procurando prestar bons serviços.
Para comemorar os
75 anos de realizações e conquistas da VARIG, eis a edição que você
agora tem em mãos, após seis meses de trabalho de uma entusiasmada
equipe de pesquisa, redação e iconografia. Começando pela capa, onde
o rosto em close de um ultramoderno Boeing 777 saúda os nossos
leitores-passageiros, na qualidade de avião mais avançado do mundo,
o último modelo incorporado à frota da VARIG, inaugurada pelo
hidroavião Dornier Wal, em 1927, cuja história notável
e insuspeitada de sucesso e confiabilidade é contada em detalhes
nesta edição.
Seguem diversos capítulos, onde os vários temas se desenvolvem
sempre a partir de modelos de avião que marcaram época. Há casos
muito envolventes, não apenas para quem gosta de aeronaves,mas
também para quem toma conhecimento de depoimentos ligados à empresa
aérea aniversariante, que se enlaçam à própria história do país.
Resultado da participação constante e indispensável da VARIG, ao
longo dos anos, no cumprimento de sua missão de união nacional, em
episódios que marcaram época, não apenas no que diz respeito à
política mas também à moda, esportes, artes, cinema, personalidades,
eventos, religião etc.
Outro ponto alto da edição são as personalidades que fizeram e fazem
a companhia, por meio de relatos de grande valor como memória, até
as entrevistas e textos dos responsáveis por conduzir a empresa
hoje, quando se constata a permanência intacta do prestígio internacional da nossa empresa de
bandeira, onde o nome VARIG segue sendo sinônimo de confiabilidade,
respeito e muito carinho.
Antes que você comece a desvelar a história de coragem desses 75
anos, atenção para o pôster de oito páginas anexado à revista,
mostrando, de um lado, o novo 777, e do outro, os aviões da frota
VARIG de 1927 a 2002, desenhados em detalhes. E também aos novos
mapas de rotas, reformulados com mais clareza e elegância,
para marcar a data. Além do encarte de oito páginas sobre a FRB-Par.
Uma edição onde, por coincidência, a VARIG faz 75 anos e a RMC, a
editora de Ícaro Brasil, completa 25 anos de custom publishing,
somando 100 anos de boa sorte para todos nós.
Aconteceu no dia
13 de dezembro de 1961, a bordo de um bravo Curtiss
Commander C-46, num vôo Rio–Natal. Ao sobrevoar a
Bahia, o comissário Rodolpho Barcellos Xavier notou
certa inquietação na passageira Maria Auxiliadora,
que estava grávida. O marido não tinha dúvidas: eram
dores de parto. Barcellos avisou o comandante e
certificou-se de que o pouso em Salvador ainda ia
demorar. Decidido e com certo treinamento, ele levou
a passageira para a parte traseira do avião,
acomodou-a da melhor forma, improvisou uma
enfermaria em volta, conseguiu acalmar a paciente e
deixou que a natureza seguisse o seu curso. A
criança enfim nasceu, mas o avião inteiro continuava
tenso: faltava ainda o clássico chorinho. Barcellos
deu a palmadinha e nada. O danado do bebê, que veio
a sechamar Rodolpho, só veio a chorar com vontade
depois de um bom banho – de água mineral. Quase 30
anos depois a revista da empresa, Rosa dos Ventos,
conseguiu reunir a mãe, o filho e o parteiro num
divertido e emocionado almoço.
Dona Varig
Nagasaki
Em seus 75 anos de existência a VARIG deve ter funcionado como uma
variada fonte de inspiração. Por conta disso certa vez, em viagem de
Fortaleza para Manaus, uma jovem quase não consegue recuperar sua
bagagem. Ela viajava com os oito irmãos e, para não confundir, o pai
colocara o nome de cada filho nas diferentes malas.
Quando a moça foi pegar a dela, o funcionário protestou:
- Essa, desculpe, não é sua; - Desculpe, é minha sim.
- Mas quem é a senhora?; - Eu sou a Varig.
Varig Nagasaki Monteiro Sales, está no RG, existe sim, mora em
Fortaleza e tem hoje 39 anos. Nasceu no dia em a VARIG inaugurava
seu primeiro vôo para o Japão, 18 de setembro de 1962. Varig, aliás,
tem mais dois irmãos de nomes insólitos. O histórico Lot Kubitschek
e a futurista Nasa Sukynara.
A
aviação, quem diria, tão sofisticada,
começou na várzea. Os aeroportos eram
chamados de campos de aviação e com toda
a razão. Não passavam de uma várzea de
capim com uma biruta indicando o vento.
Depois vieram as casinhas de madeira,
pintadas de branco. Congonhas, em São
Paulo, não era de capim, mas de barro
vermelho – um sabão em dia de chuva e
uma polvadeira danada nos dias secos.
Quem lembra essas penosas condições é o
comandante Geraldo Knippling em seu
curioso livro Falando de Aviação. Ele
começou como piloto da VARIG em 1945. Um
dos desafios da empresa, nessa época,
era fazer num dia só o vôo
Uruguaiana–Rio de Janeiro.
Para que isso fosse possível, Geraldo
tinha de sair às 6 de manhã de
Uruguaiana num limitado Junkers F-13. A
essa hora, especialmente no inverno,
ainda está escuro e a decolagem exigia
um bocado de coragem e imaginação.
Era assim. O Junkers não tinha
iluminação nenhuma. O taxista que levava
os passageiros deixava o carro com as
luzes acesas, como uma referência, lá no
fim da pista. Na cabine, o mecânico
co-piloto ficava iluminando o painel com
uma lanterna. Quando o dia clareava,
eles já estavam tentando divisar os
morros que cercam a cidade de Livramento
e indicavam mais um – campo de aviação!
nuvens do céu viam-no de repente
irromper do solo, dentre essas nuvens da
terra, a cerração.
Geraldo Knippling diz que os aviões
daquele tempo tinham alma e nome
próprios. Rendiam ou não dependendo de
uma relação pessoal com o piloto.nuvens
do céu viam-no de repente irromper do
solo, dentre essas nuvens da terra, a
cerração.
Geraldo Knippling diz que os aviões
daquele tempo tinham alma e nome
próprios. Rendiam ou não dependendo de
uma relação pessoal com o piloto.Em
Livramento, a pista de 600 metros tinha
toques surrealistas: era curva e em
desnível. Gaúcha barba-ridade: começava
embaixo e terminava lá em cima da
coxilha, onde ficava a casinha dos
passageiros. Pousava-se lomba acima e
decolava-se lomba abaixo. E mais: em
certos dias a parte de cima ficava
coberta de cerração. Foi quando um
comandante descobriu uma estradinha que
ia dar justamente na parte inferior da
pista. Guiando-se por ela, era possível
pousar com boa visibilidade e ir subindo
a coxilha, envolvendo o Junkers cada vez
mais na cerração. O final era
particularmente surrealista. O
despachante e os passageiros que
esperavam o avião surgir dentre as
nuvens do céu viam-no de repente
irromper do solo, dentre essas nuvens da
terra, a cerração.
Geraldo Knippling diz que os aviões
daquele tempo tinham alma e nome
próprios.
Rendiam ou não dependendo de uma relação
pessoal com o piloto.
Das muitas histórias que correm
entre o pessoal da aviação, o que é
lenda, o que é verdade?
Bem, a verdade é que, com o tempo,
causos e casos vão se misturando de
tal forma que é difícil distinguir
um do outro. Uma das histórias mais
recorrentes é, por exemplo, a do
cachorrinho que ressuscitou. Há
muitas versões. Vamos à mais enxuta.
Madame brasileira residente em Paris
envia ao Brasil seu cachorrinho três
dias antes de sua própria viagem. O
bicho chega e quase infarta o
atendente do setor de cargas. O
homem não queria acreditar, mas o
fato é que o bichinho chegara morto.
E agora? Depois de muitas
confabulações, a decisão crucial:
substituí-lo por um igual, da mesma
cor,da mesma raça, só que vivo.
A madame chega de Paris e fica
chocada:
- Mas este não é o meu cachorro!
– Como não é?
– O meu estava morto.
– Morto?
– Morto e embalsamado. Só veio para
ser enterrado no jazigo de cães da
família.
Com uma certa
persistência e vontade
de pesquisar, não é
difícil saber na fonte o
quanto eram heróicos,
divertidos e
emocionantes os
primeiros tempos da
VARIG e da aviação
comercial brasileira.
Pelo menos três
comandantes da VARIG
contaram em livro suas
memórias. Lili de Souza
Pinto, já falecido,
lançou pela Editora
Magister, em 1990, o
bem-humorado Assim se
Voava Antigamente.
Geraldo Knipling, hoje
um respeitado velejador
em Porto Alegre,
escreveu Falando de
Avião, com preciosas
aulas de aviação e vida.
Pela Editora AGE
(51/3223- 9385) Rubens
Bordini lançou Vida de
Aviador e vem aí Vontade
de Voar. Os três sabem o
que contam: iniciaram
suas impecáveis
carreiras nos toscos
Junker F-13 da década de
30 e chegaram aos
complexos Boeings da
nossa era. Quem pode
informar sobre suas
obras e muitas outras
histórias de aviação é a
brava diretora do Museu
VARIG de Porto Alegre,
Lídia Marques
(51/3358-7162). Dona
Lídia foi uma
colaboradora preciosa
nesta edição especial
dos 75 anos da VARIG.
Vai aqui,
ligeirinho,
uma das
histórias
contadas
pelo
comandante
Lili em
Assim se
Voava
Antigamente.
Um dia o
presidente
Ruben Berta
em pessoa
pediu-lhe
que
demitisse o
comandante
de um
cargueiro
Douglas C-47
que chegara
de São
Paulo.
Pressionado,
o comandante
Binz, que
pilotava o
cargueiro,
teve de
confessar:
– Pois é. O
dia estava
bonito, a
gente vinha
voando baixo
pelo litoral
quando eu vi
um cara
pescando em
cima de uma
rocha e voei
um pouco
mais baixo
ainda para
dar um susto
nele. O cara
se jogou
n’água.
O “cara” era
o presidente
da empresa,
Ruben Berta
em pessoa.
Um homem
empreendedor,
corajoso,
temperamental
mas,
felizmente,
generoso. O
comandante
Binz teve
suas penas
comutadas,
encerrou
gloriosamente
a carreira
no comando
de um Jumbo
e nunca mais
jogou
presidente
n’água.
Essa
parece que,
basicamente,
aconteceu.
Mas vamos
supor um
pouco nomes
e detalhes.
Ali pelo
início dos
anos 60, ter
um Fusca não
era pouca
coisa. Pois
um dia
alguns deles
deviam
viajar do
Sudeste para
Porto
Alegre. No
setor de
embarque de
cargas havia
um certo,
digamos,
Adauto, que
tinha fama
de
humorista.
Lá estava
comandando o
embarque dos
carros no
porão de um
cargueiro e
eles
simplesmente
não
entravam.
Que fez o
Adauto?
Tirou as
rodas e os pára-lamas
e os Fuscas
prontamente
concordaram
em entrar,
numa boa. Só
que aí, uma
vez lá
dentro,
Adauto
colocou tudo
de volta,
rodas e
pára-lamas:
“Vamos ver
se aqueles
gaúchos
resolvem a
charada”.
O cargueiro
chegou
tranqüilamente
a Porto
Alegre, mas
com um
problema
sério: os
carros não
saíam. O
drama chegou
até a mesa
do
presidente
Ruben Berta
que, bom
conhecedor
do seu time,
simplesmente
ordenou:
– Liga pro
Adauto.
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Perguntado se vai dar um jeito de estar no Japão
durante a Copa, Yutaka Imagawa, nascido de pais
japoneses em Assaí, norte do Paraná, brinca: “Só se
fosse para mais uma final do São Paulo”. E a verdade
é que quando o São Paulo disputou com o Milan aquela
final histórica, em 1993, lá estava ele em Tóquio.
Mas a conversa no quarto andar do
prédio da FRB-Par, próximo à Avenida Ruben Berta em
São Paulo,
logo transcende o futebol. Como presidente do
Conselho de Administração da FRB-Par Investimentos
S/A, entidade controladora da FRB-Par, holding que
administra a VARIG e mais 11 empresas, ele não
hesita em falar com franqueza sobre a verdadeira
revolução por que passa a empresa aérea.
A competição é dura, a aviação é uma
indústria especialmente sensível às turbulências
políticas e comerciais, mas Roberto Macedo, diretor
comercial e de marketing da VARIG, tem sólidas
razões para se mostrar otimista com o atual momento
da empresa. É que a VARIG está se valendo de uma
grande festa de aniversário – 75 anos da sua
fundação – para uma série de ações
que, por sua vez, vêm refletir e otimizar um
momento de
reaquecimento das viagens aéreas no Brasil e no
mundo. Paulista de Guará, 44 anos, 22 de VARIG, o
afável e acessível Roberto Macedo tem um olho
clínico bastante experiente para avaliar essa
retomada já que, de atendente de loja a diretor
nacional, ele já fez de tudo na área comercial da
empresa. Macedo fala aqui de uma
VARIG que, aos 75 anos, tem renovados
seus motivos de festa.
No ano passado, o 11 de setembro foi
especial-mente severo com a aviação comercial. Como
está o panorama por ocasião da festa dos 75 anos da
VARIG?
O que se verifica, felizmente, é uma
grande retomada da demanda, o que nos permite unir
nossa festa de aniversário a um decidido aumento de
ofertas tanto nos vôos domésticos como
inter-nacionais. Estamos reestru-turando nossas
rotas para Europa, Ásia, Estados Unidos, América do
Sul. Um aumento de oferta que está se traduzindo
tanto por mais freqüências como por aumento da
capacidade dos aviões. A idéia é otimizar o
apro-veitamento das aeronaves e aumentar a
produtividade das horas voadas.
Pode dar exemplos?
Começando pela Ásia, onde voamos
diariamente para Tóquio e Nagoya. Negociações entre
os governos brasileiro e japonês, estimuladas pelo
nosso diretor de planejamento, comandante Alberto
Fajerman, vão possibilitar um acordo para uma
expansão das freqüências entre os dois países. Com
isso, vai ser possível aumentar nossos vôos diários
diretos para Tóquio, sem suspender os três semanais
para Nagoya. No caso dos vôos para os Estados
Unidos, que registraram queda de 40% no ano passado,
uma promissora retomada do tráfego, já na ordem de
75% de recuperação, estimula mudanças
significativas. Para Miami, além dos vôos diários de
São Paulo, passamos a ter vôos diários a partir do
Rio, sem escalas. Lembro que temos vôos diários
também para Nova York e Los Angeles, e
reintroduzimos uma freqüência semanal Belém- Manaus–
Miami. O próximo passo pode ser a ligação
Nordeste–Miami.
E quanto
às freqüências para a Europa?
Talvez
para compensar a queda do mercado
americano, a Europa tem sido uma grata
surpresa. Nos casos da Itália e Espanha,
ampliamos em 45% a nossa oferta e eles
foram correspondidos com um aumento de
passageiros na mesma proporção. Para o
continente europeu em geral a idéia é
otimizar e dividir melhor o tráfego a
partir do Rio e de São Paulo. Para
Frankfurt, por exemplo, passamos a ter
vôos diários de São Paulo e também do
Rio, que só contava com quatro
freqüências semanais. O mesmo vai
acontecer com a França. Na rota da
Espanha, onde voávamos com um avião de
190 lugares, passamos a voar com um de
280, a exemplo da de
Milão. Claro que, graças ao dinamismo de
nossa malha, esses vôos, mesmo partindo
do Rio ou São Paulo, servem ao Brasil
inteiro. Com orgulho podemos dizer que
mantemos hoje 51 vôos Com orgulho
podemos dizer que semanais para a Europa
com aviões próprios e mais 15 em
code-share com a Star Alliance.
Na América do Sul, qual
foi o caminho tomado diante da crise
argentina?
Houve uma reestruturação,
passamos de 11 para 9 vôos diários e, em
alguns casos, diminuímos o tamanho do
avião. Em compensação, realocamos
freqüências na própria América Latina.
Assim, vamos ter aumento de oferta para
Bogotá, Caracas e Assunção, além da
introdução de vôos intra-países como
Montevidéu–Buenos Aires, Buenos Aires
–Assunção, Buenos Aires–Santiago. A
VARIG quer continuar sendo a maior
empresa transportadora da América Latina
tanto do ponto de vista de maior número
de passageiros como de presença física
nos diferentes países.
Há planos específicos de
estímulo ao nosso turismo?
O Brasil conta com uma
sólida e variada estrutura turística e o
Nordeste parece corresponder cada vez à
sua vocação. Por isso vamos manter os
vôos diários da Europa para a região e,
proximamente, uma oferta direta também
para os Estados Unidos. A idéia é
explorar mais a boa rede hoteleira do
Nordeste Grupo, inclusive a do próprio
Grupo, a Rede Tropical de Hotéis que,
além de João Pessoa e Salvador, está
operando agora em Porto Seguro, com
possibilidade de operar também em
Recife, Fortaleza e Natal ainda no
segundo semestre deste ano.
E para o Sudeste, alguma
novidade?
No momento estamos
ampliando o conceito de ponte p faérea,
onde a VARIG transporta 50% mais
passageiros do que a segunda colocada,
para outras cidades com aeroportos
centrais e vôos de curta duração. É
nossa intenção ampliar o modelo da Ponte
Rio–São Paulo para vôos de São
Paulo–Curitiba, São temos vôos diários
também para Nova York e Los Angeles, e
reintroduzimos uma freqüência semanal
Belém–Manaus– Miami. O próximo passo
pode ser a ligação Nordeste–Miami.
Como a VARIG encara
preços eventualmente mais competitivos
por parte de outras companhias?
A diferença é que algumas
empresas se caracterizam exclusivamente
pelo baixo custo e outras, como a nossa,
por uma atuação mais completa e
literalmente globalizada. São diferentes
conceitos de marketing, ou objetivos
comuns com meios diferentes de fazer
negócio. Mesmo assim, é bom.
|
Na fotografia ele
parece de brinquedo, frágil e desengonçado, quase como os aviões
pioneiros da aviação mundial. Mas à medida que se presta atenção à
aeronave, suas características e seus feitos, o bote voador Dornier
Wal (baleia em alemão) cresce em respeito e admiração. E se a VARIG
hoje completa seus gloriosos 75 anos, é porque – dentre muitas
outras razões – existiu um fiel avião chamado Atlântico, como único
membro da frota inicial da companhia,
fundada em 7 de maio de 1927.
Logo no primeiro ano, a VARIG transporta 652 passageiros*, em 210
horas de vôo, a 180 quilômetros por hora, na Linha da Lagoa – feita
sob medida para pousos de hidroaviões –,entre Porto Alegre e Rio
Grande (270 quilômetros). Numa época em que quem aceitava voar num
aparelho daqueles era considerado herói, dentre tantos que desistiam
na última hora. Por isso mesmo os nomes dos intrépidos viajantes do
ar eram listados no jornal. Eles voltavam entusiasmados, narrando
para embasbacados candidatos a incursões futuras detalhes do vôo, 50
metros sobre a Lagoa dos Patos, que imitava as aves selvagens
chamadas biguás – presentes no primeiro logotipo da nova empresa ,
flutuando contra o vento, rente às ondas, aproveitando o colchão de
ar que ali se forma, sem turbulência.
Mais arrojados ainda que os primeiros passageiros da VARIG foram os
dez bravos gaúchos que se reuniram na assembléia da fundação da
pioneira Sociedade Anonyma Empresa de Viação Aérea Rio-Grandense –
V.A.R.I.G., tendo
à frente o fundador,o alemão Otto Ernst Meyer (depois naturalizado
brasileiro), com 29 anos. Colocaram dinheiro vivo num tipo de
incorporação sempre um tanto arriscada, quanto mais naquela época.O
público também deu o seu incentivo, comprando ações. Com esse
investimento foi adquirido o Atlântico, por 425 contos de réis, da
Condor-Syndikat, empresa alemã autorizada a voar no Brasil em
janeiro de 1927, e que deu suporte e tripulação à empresa nacional
recém-criada, permitindo-lhe operar com segurança desde o início.
Para avaliar o tamanho do investimento, um Ford Bigode, na época,
custava 4,6 contos de réis.
PROGRESSO Depois da biruta, o primeiro sinal de
modernização dos aeroportos foi a casinha de madeira
O embarque no Atlântico era uma operação um tanto primitiva, da qual
participavam pessoalmente o fundador da companhia e o primeiro
funcionário, um “moço vigoroso” chamado Ruben Berta. Ambos levaram
muito borrifo de água salgada, quando o Atlântico começava a girar
as hélices de madeira de seus dois motores Rolls-Royce de 360
cavalos cada um. Esse primeiro funcionário acabou por presidir a
VARIG 1941 a 1966, período de extraordinário e constante
crescimento, tendo idealizado a fundação dos funcionários, que
depois de sua morte levaria o seu nome, Fundação Ruben Berta.
Os passageiros do Atlântico eram reunidos no cais do porto, para
serem transporta-dos de lancha até a Ilha Grande dos Marinheiros,
onde os bilhetes eram conferidos. No
verso, os dizeres: “no interesse da segurança do avião é
expressamente proibido fumar, atirar qualquer objeto pelas janelas
ou abanar-se nas mesmas”.
A pesagem incluía bagagem e peso de cada pessoa, sendo cobrado
excesso se a somatória superasse 75 quilos. A passagem número um do
vôo número um, ainda experimental, de Porto Alegre a Rio Grande, foi
emitida para o senhor Guilherme Gastal.
O comandante, Von Clausbruch, contava na viagem com dois
tripulantes, sendo um piloto-mecânico, que durante o voo devia subir
na nacele a cada meia hora e dar tres voltas na graxeira da bomba de
água do motor, fazendo reparos quando necessário.Isso só era
possível porque a tripulação ficava ora do avião, jáque se
considerava essencial que os pilotos “sentissem” as manobras.
Sujeitos às intempéries, usavam pesados casacos e capacetes de
couro, óculos protetores, mantas, botas etc.,enquanto os
passageiros gozavam de bastante conforto nas amplas cadeiras de
vime do avião. Nem tanto no cubículo do banheiro, onde um urinol
aguardava raros usuários, passageiros de um vôo tão curto.
Comenta-se que a expressão “baah”, de admiração, usada até hoje
pelos gaúchos, se do espanto causado pelos primeiros vôos do
Atlântico, prefixo P-BAAA. De fato, a decolagem adquiria ares
dramáticos quando eram convocados os serviços de Oswaldo Muller. Ele
pilotava uma lancha só para fazer onda, propiciando ao hidroavião,
depois de algumas tentativas frustradas, aquele essencial pulinho
que o ajudava a subir.
Na rota Rio–Porto Alegre tudo precisava dar certo para manter o
horário. Caso contrário, e um dia passava para dois. Ainda assim,
uma boa opção para o navio, que levava uma semana.
SUCESSO O Atlântico é recebido com festa no porto do
Rio Grande. O primeiro Dornier Wal tinha poltronas
de vime, depois vieram as de couro
Apesar disso, qualquer atraso podia comprometer a imagem do serviço,
por isso eram assumidos certos riscos, como os vôos rasantes, para
manter o contato visual em tempo fechado. E as chegadas noturnas,
muito críticas, feitas com o intuito de manter os horários. Só que
uma aeronave descendo na água, à noite, não contava com nenhuma área
demarcada,apenas uma abrangente escuridão. Foi então criado um
artifício para o pouso noturno, que consistia em soltar um peso de
chumbo preso a uma corda, desenrolada para ficar 10 metros abaixo da
aeronave. Quando o chumbo tocava a água, uma luz azul acendia no
painel, e o piloto então sabia que estava na hora de puxar o manche
para pousar, rezando para não ter canoa de pescador ou tronco
flutuante pela frente.
Isso tudo porque não havia ainda campos de pouso, nem aviões
terrestres para transportar aquele grupo crescente de valentes
passageiros.
A última viagem do Atlântico da VARIG, que nunca sofreu nenhum
acidente, foi em 30 de dezembro de 1929, levando um ilustre gaúcho,
de Porto Alegre ao Rio de Janeiro: o candidato à presidência da
República Getúlio Vargas e sua esposa dona Darcy, para uma
conferência secreta com o então presidente Washington Luis, que
mudaria a história do Brasil.
O homem que fazia o avião pegar no tranco
Forte e lúcido aos 96 anos, o gaúcho Oswaldo Muller tem muito a
contar de aviação no seu confortável apartamento do Leblon, no Rio.
Ele foi, aos 21 anos,o segundo aeroviário brasileiro registrado,
convidado pessoalmente pelo primeiro, Ruben Berta. Foi o primeiro
passageiro sem bilhete a voar no legendário hidroavião Atlântico,
uma tarde no porto de Rio Grande, em vôo de demonstração: grande
sentimento “de felicidade”. A primeira função de Oswaldo Muller, que
meio século depois se aposentou como funcionário da VARIG,foi a de
despachante de aerobotes junto ao cais de Porto Alegre. Não era
tarefa fácil levar os passageiros
de barco, especialmente nas frias e ventosas madrugadas do inverno
gaúcho. Cada passageiro tinha de pagar seu próprio excesso de peso
além dos 75 quilos. Mesmo assim, o avião teimava em não sair – da
água. Uma vez, já com um Junkers F-13 com flutuadores, que viera
substituir o Atlântico, ele teve de decretar: “Desce o passageiro
número 3”. O homem se recusou: “De jeito nenhum, vou casar hoje e
tenho de estar em Florianópolis às 4 em ponto”. Comovido, desceu
espontaneamente o número 2. Mas o pior era nas calmarias em que o
rio parava e o avião não tinha o mínimo impulso para a decolagem.
Nesses casos, com a mesma
lancha em que levava os passageiros,Oswaldo tinha de fazer marola
até o avião pegar no tranco! Ele diz que aquele menino de 22 anos
jamais poderia imaginar, ali empurrando aquelas geringonças no Rio
Guaíba que, relativamente poucos anos depois, em abril de 1961, um
russo ia andar lá no espaço garantindo que a Terra era azul e, no
fim daquela mesma década, o homem ia caminhar na Lua.
Generoso, o homem que ajudava o avião pegar no tranco revela o
segredo de sua boa saúde e memória: chá de arruda. Uma infusão de
cinco ou seis folhinhas todos os dias basta para manter limpinhos
todos nossos capilares: “Não é por nada que, para os africanos, a
arruda tem origem divina”.
A partir de 1930 a
VARIG resolveu ampliar suas linhas para o interior do Rio Grande do
Sul e para isso comprou aviões monomotores Junkers F-13, para cinco
passageiros e dois pilotos, com cintos de segurança usados pela
primeira vez. Eram aeronaves que desciam na terra ou na grama, sendo
os campos de aviação simples áreas demarcadas, sem qualquer
balizamento. O posto de pilotagem ainda era uma nacele aberta,
ficando os pilotos protegidos apenas por um pequeno pára-brisa.
A superfície ondulada, tipo “porta de garagem”, era uma
característica de todos os Junkers fabricados.
A VARIG tinha dois F-13, o Livramento e o Santa Cruz, que operar o
modelo. O vôo era todo visual, seguindo referências no solo, onde
ajudava muito o nome das cidades escrito nos telhados das estações
ferroviárias. Quando as condições meteorológicas impediam a
navegação por contato, o vôo prosseguia quase às cegas: os pilotos
subiam e se orientavam por uma bússola e um relógio de bolso. Quem
escreveu histórias pitorescas desse período foi o comandante L. S.
Pinto que voou na VARIG 48 anos e oito meses, dos Junkers F-13 aos
Boeings 747, os Jumbos. por Ele conta do estágio obrigatório de um
ano nas oficinas da companhia, para tirar carteira de “mechânico”,
antes de entrar no avião que iria pilotar. Revela-se aí a origem do
rigor com que a empresa sempre se dedicou à manutenção da frota,
hoje representada pela VARIG Engenharia e Manutenção (VEM).
CHAPÉU Na época do JU-52, homens e mulheres viajavam
de chapéu
Quem mais voou o F-13 foi o comandante Greiss, mestre de L. S.
Pinto, que se aposentou com o avião em 1948, com medo de não se
adaptar às aeronaves mais modernas. Quando se referia à segurança de
vôo, ele tinha três máximas que nunca deixaram de valer:
“Tempo que já passou não serve para mais nada”; “Nunca deixe para
cima a altura que pode precisar em baixo”;“Nunca deixe para trás a
pista que pode precisar na frente”. A essas regras ele acrescentava
uma enorme sabedoria aeronáutica, fruto de sua longa experiência,
essencial para orientar-se naquele mundo de referências tão
precárias, voando numa região fria e cheia de bruma, como é o Rio
Grande do Sul, especialmente no inverno.
Uma vez ele conseguiu furar a camada de nuvens que obstruíam a visão
do solo, bem em cima de um pasto cheio de cabeças de gado. Concluiu
que a rota estava certa e o campo de pouso próximo: “O gado
continuou pastando tranqüilamente, acostumado com aquele barulho
todo, quando
Dizem que um avião
bonito, bem desenhado, é sempre bom, voa bem. Essa tese foi
comprovada no caso do Constellation e do Caravelle. De fato, há quem
considere o Super G Constellation da Lockheed, com seus wingtip
tanks na ponta das asas, o mais belo avião a pistão já produzido.
Sua estética, que sempre chamava a atenção nos aeroportos, parecia
fruto de uma equipe de designers de carros esportivos. Como suas
hélices tinham 4,60 metros de diâmetro, o trem de
pouso precisava ser alto e o nariz longo. Na parte de trás, o grande
estabilizador com leme triplo, montado longe do efeito das hélices,
obrigava a outra harmoniosa curvatura para cima.
Além de bonito, era o maior e melhor aparelho disponível na época.
Constellation inaugurou a era do serviço de bordo
campeão
Em 1955 entrou em serviço na VARIG, cobrindo a rota de Nova York em
grande estilo, consagrando a companhia de bandeira brasileira
além-fronteiras, por seu alto padrão de serviço e atendimento,20
horas. No caminho ainda parava em Belém, onde um bafo quente invadia
a cabine quando a porta se abria, úmido de embaçar óculos. E em
Santo Domingo, quando entravam a porta se abria, úmido de embaçar
óculos. E em Santo Domingo, quando entravam
moças usando máscaras, para dedetizar o avião.
Voando a 480 quilômetros por hora, o Constellation chegava a Nova
York às 16 horas do dia seguinte. O requinte atingido pela companhia
nesse vôo era insuperável, trazendo muitos prêmios de melhor serviço
de bordo para a VARIG, tornando confortável e agradável uma viagem
longa, que acabava por parecer bem mais curta, graças à atenção dada
aos viajantes.
Embora não houvesse divisão por classes no avião, o tratamento era
de primeira
para todo mundo.
CARAVELLE
O Caravelle foi o primeiro jato puro que voou no Brasil,
com seu revolucionário projeto francês que tinha as asas limpas, com
dois motores na cauda.
Atingia 850 quilômetros por hora a 10 mil metros. Além de ágil na
reação aos comandos, fazia um vôo suave, sem trepidações. Tanto que,
nos vôos de demonstração e na publicidade, um lápis era colocado em
pé na mesinha do passageiro, para provar que assim permanecia, firme
na posição vertical, por todo o
tempo.
O silêncio interno era absoluto, sinalizando o fim irreversível da
era do motor a pistão, e dos jatos pioneiros, muito embora o
Caravelle ainda tivesse se revezado com o Constellation por algum
tempo na rota para Nova York. Cobria o trajeto em um dia. Mas, com
pouca autonomia, fazia três escalas.
No início esse avião francês tinha um pára-quedas para
desaceleração, comum nos aviões militares, que se abria após o
pouso, criando problemas para o seu recolhimento nos aeroportos. Até
serem instaladas turbinas com reversível, que substituíram o
primeiro sistema de frenagem, com menos eficiência. Para ter idéia
do pioneirismo da companhia brasileira, a Sud Aviation, fabricante
do Caravelle, pediu à VARIG que fizesse um vôo de demonstração com
um de seus aviões para a United Airlines, grande cliente potencial
do fabricante, em 1959.
O vôo de duas horas foi iniciado em Chicago,
nos
Estados Unidos, às 11 horas, para dar tempo de servir um requintado
almoço (a sobremesa era um sofisticado Gateau Glacê), enquanto
diretores e técnicos da companhia americana testavam o
revolucionário avião, cuja operação e manutenção já era rotina na
VARIG.
Duas semanas mais tarde, a United fechava um contrato para compra de
14 Caravelles.
Dá para avaliar a vanguarda tecnológica em que a VARIG se encontrava,
por esse episódio, que denotava o enorme prestígio da companhia
brasileira. Ela contava com apenas três Caravelles, mas seu vôo de
demonstração foi determinante para que uma frota muito maior fosse
comprada pelos americanos.
Não é só entre os
senhores passageiros e senhoras passageiras que a moda chega aos
aviões. Entre as aeromoças ela também teve suas épocas e estilos,
saias compridas, saias curtas, cores contidas, cores mais soltas. Em
junho de 1955, a VARIG começava a operar a linha Porto Alegre–Nova
York com o elegante Super G Constellation e decidiu vestir a
tripulação à altura do charme da aeronave. Foi, aliás, a primeira
vez
que a empresa admitiu aeromoças a bordo. Parece que a longa viagem e
crianças a bordo exigiam mais jeito e mãos delicadas.
E as moças, diga-se, lançaram-se com muito estilo. O uniforme era
composto de saia e casaco azul-marinho, blusa branca e, na cabeça,
uma boininha azul com um Ícaro em dourado que dava um ar meio maroto
a um acessório tipicamente militar. O sapato, a bolsa e as luvas
eram pretas. Os rapazes iam de calça e casaco azul-marinho, camisa
branca de mangas longas, quepe branco e sapatos pretos.
Saias cumpridas, saias curtas, cores contidas, e até
um estilo gaúcho
Tempos depois, já em 1974, a VARIG começou a operar com os primeiros
DC-10-30 em suas principais linhas domésticas e internacionais, e aí
a coisa se tropicalizou um pouco. Surgia ali um novo conceito de
voar. A começar pela decoração dos aviões, que ousavam cores
cítricas, com motivos da flora brasileira no revestimento das
poltronas.
Os uniformes do pessoal de bordo não ficaram indiferentes aos novos
ares do avião e nem mesmo às novas tendências da moda mundial,
marcada pela onipresença da
minissaia e cores bem definidas nas roupas masculinas. Assim, o
uniforme das aeromoças era composto de vestido míni, com a saia bem
acima dos joelhos e casaco de manga longa nas cores amarelo-gema,
verde-musgo e laranja. Mais brasileiras, impossível. Para completar,
as estampas dos lenços ostentavam o logo VARIG em azul e amarelo. O
sapato e a bolsa de couro continuaram pretos. O uniforme masculino
era na base de calça e paletó marrom, camisa longa creme, gravata
estampada em várias tonalidades de marrom, sapato preto. Sem quepe.
Mas o mais curioso toque nativo na moda de bordo foi uma efêmera e
radical bolha gauchesca logo no início dos anos 70. Com o lançamento
de um modelo de avião, o Avro, a empresa decidiu utilizar nas linhas
domésticas dos Estados do sul um uniforme inspirado nas vestimentas
típicas do gaúcho campeiro.
Em azul e vermelho, as moças usavam, devidamente estilizados, o
poncho, as botas, o chapéu de abas largas com barbicacho, uma
espécie de tiara e até a guaiaca, o largo cinturão em que o homem do
pampa leva o dinheiro, a faca e os avios do fumo. Essa fase pampeana
durou pouco, foi mais uma celebração que um uniforme, tanto que os
comissários ficaram, prudentemente, na tradicional calça e paletó
azul-marinho.
Uma mulher de
aviação
Alice Klausz entre JK e Ruben Berta
0 que levaria, em
1954, uma jovem gaúcha recém-formada em
biblioteconomia, a tentar a carreira de aeromoça dos
primeiros vôos da VARIG para Nova York?
A verdade é que Alice Editha Klausz tinha na cabeça
o vago sonho de viajar, conhecer novos mundos, quem
sabe até ficar por lá. Ela não podia imaginar que
ali nascia um amor definitivo na sua vida – pela
aviação. Ficou 35 anos na VARIG, voou do DC-3 ao
Jumbo. Além de aeromoça, foi instrutora de
comissários com curso na Suíça, diretora da Escola
de Comissários, assistente do presidente Ruben
Berta, superintendente de operações da Rede Tropical
de Hotéis e se aposentou como gerente de
treinamento. Gentil e competente, bonita e com muita
personalidade, era freqüentemente convocada para
vôos especiais envolvendo presidentes ou
celebridades. Discreta até hoje, não é de contar
muito sobre essa gente. Lembra de Juscelino como uma
pessoa luminosa, esfuziante, generosa, capaz de
recompensar com champanhe a tripulação que o servia
e pé-de-valsa danado: uma vez, no Panamá, durante
uma reunião de presidentes, dançou alegremente com
todas as senhoras da festa. De Jango Goulart lembra
a paciência com que suportou ficar meia hora
sobrevoando Washington à espera que abrisse o
aeroporto. Outro grande carismático de suas memórias
é o próprio presidente da empresa, Ruben Berta.
ANTÁRTICA
Alice vive hoje no
Rio, aposentada, caminhando no calçadão, vendo
novela? Não: voando para a Antártica.
Como voluntária do Programa Antártico Brasileiro (Proantar),
já fez 80 vôos para a Antártica como comissária
voluntária de um Hércules 130 da FAB, e por seus
feitos já recebeu condecorações do Exército, da
Marinha e da Aeronáutica. Ela coordena refeições e
conforto a bordo para os passageiros que, entre
tripulantes e pesquisadores, podem chegar a 80. Cada
viagem dura 22 horas. Valente, Alice parece que
gosta de aviões fortes, parrudos, “que dão marcha à
ré e tudo”, como justamente é o caso do Hércules e
do Electra. Se bem que com certo carinho se recorda
também do Super G Constellation das suas primeiras
viagens a Nova York e de todo o conforto que
oferecia: “Era um restaurante voador”.
O melhor de tudo: quando não está a caminho da
Antártica, Alice continua formando futuros
comissários e comissárias na Aviation Ground School
(tels.: 11/5533-0007 e 21/2220-1900), no centro do
Rio. Para ela, qual é a qualidade essencial de uma
boa comissária? Ela diz que não é tanto a beleza,
porque “certas belezas rígidas ficam melhor em
estátuas”. Simpatia, sim. E gentileza, sincera, de
dentro, mais que de maneiras, de coração.
Efervescente,
trepidante, álacre? Pode ser pura saudade, mas é com palavras assim,
saltitantes, que muita gente se lembra de uma certa belle époque
brasileira que nasceu com os anos 50 e conseguiu resistir até os
adentrados dos 60. Na visão do psiquiatra André Gaiarsa, aquele era
um Brasil mais leve, divertido e jeitoso, mas sem maldade. O
brasileiro ainda estava mais preocupado em ser encantador do que
bem-sucedido. Ele se amava do jeito que era, vivia com a auto-estima
lá em cima
e se divertia mais, com pouco. (“Ninguém sofria por não poder
ostentar o kit babaca de hoje: carro importado, celular e jet ski”,
diz Gaiarsa.)
Pode ser pura saudade. Mas o fato é que esses anos dourados tiveram,
em diferentes momentos, alguns ícones bem definidos. JK foi seu
presidente, Jorginho Guinle seu anfitrião e a VARIG, sua
transportadora.
NACIONAIS A cantora Elis Regina
Em seu apartamento no Flamengo, Rio de Janeiro, Jorginho Guinle,
hoje com 86 anos, se transporta facilmente para aqueles tempos. Para
um Rio capital do país, cuca fresca, pacífico, cheio de charme e de
embaixadas. Graças a tanto sol e simpatia, visitar o Brasil era in
no jet set internacional da época e Jorginho era o nosso embaixador
junto a essa gente. Perguntado hoje como conseguia trazer ao
Brasil atrizes tão famosas como Romy Schneider e Gina Lollobriida,
ele responde com simplicidade:
– Ora, porque elas eram minhas amigas...
Vieram muitas. Marlene Dietrich, Kim Novak, Jane Mainsfield, Rita
Hayworth, Ginger Rogers, Lana Turner, mais David Niven, Alain Delon,
Roy Rogers...
Jorginho fica estarrecido com o preço que Sophia Loren cobrou para
vir recentemente ao Brasil: US$ 80 mil. E pagaram!
Naquele tempo, lembra ele, as grandes estrelas vinham
única e simplesmente pelo prazer de brilhar e se divertir. Pelo puro
charme do país e sua gente. Que tempos aqueles em que cobrar pegava
mal. A cidade generosamente contribuía para que a visita fosse
memorável. O Municipal com a hospedagem, a prefeitura com o baile no
Municipal e a VARIG com o transporte e um serviço muito refinado a
bordo. Jorginho tem duas lembranças muito especiais da VARIG. Uma,
os menus criados por um elegante emigrado austríaco, o Barão von
Tucker, que conseguiu levar a bordo a fina comida de sua Boite Vogue
e iniciou a tradição de um dos melhores serviços de bordo do mundo.
Outra, a alucinante capacidade de trabalho de Ruben Berta. Ele jura
que, um dia, viu o legendário presidente da empresa pessoalmente
ajudando a transportar carga para o avião.
Pode-se dizer que o
pintor gaúcho Nelson Jungbluth, autor da caricatura de Ruben Berta
aí ao lado, é um homem em paz com sua terra. É que o gaúcho, dizem
também, tem grandes ícones na vida: cavalo e avião da VARIG. Os
últimos trabalhos de Jungbluth, sofregamente disputados em suas
últimas mostras, têm girado em torno de cavalos, livre e fogosamente
concebidos.
E na VARIG, durante 35 anos Nelson assinou ou supervisionou o visual
da empresa em anúncios,
folhetos, menus, cartazes, logomarcas e até a pintura dos aviões,
tão sóbria e precisa que, criada em 1954, só foi mudada em 1997,
quando a VARIG se decidiu por um novo visual. Graças a ele, muitos
anúncios da VARIG foram citados em revistas estrangeiras
especializadas. Suas capas dos menus eram tão bonitas que eram
arrancadas. Mesmo a rosa-dos-ventos, hoje estilizada, é de sua
criação. Surgiu de uma caricatura que fez de Ruben Berta carregando
um monte de aviões embaixo dos braços. Durante 20 anos seus
calendários eram esperados como preciosos mimos de fim de ano.
Impressos na Alemanha e também premiados em revistas de artes
gráficas, eles viajavam soltos por gente e paisagens do mundo e eram
produzidos com diferentes técnicas para “sugerir autores
diferentes”. A tiragem era de apenas 100 mil exemplares, quando a
demanda atingia 300 mil.
PORTUGAL Nos calendários, as cores e o prazer de
viajar
Em sua arborizada casa de três planos no bairro de Santa Tereza, em
Porto Alegre, Nelson lembra seus tempos no Departamento de
Propaganda da VARIG como uma época de grande entusiasmo e absoluta
liberdade de criação na hora de
dar formas e cores às grandes batalhas de posicionamento de uma
marca, tarefa comandada o tempo inteiro pelo presidente Ruben Berta
em pessoa. Berta acompanhava tudo, nos mínimos detalhes. Era, conta
Nelson, um sujeito minucioso, exigente, mas também capaz de vibrar
junto, apoiar, dar condições.Entrava de repente na sala e tirava
Nelson do sério e da prancheta: “O que que tu tá fazendo aí? E por
que não vai dar uma volta em Paris, Nova York para ver como andam as
coisas?”
SEM PARAR Nelson Jungbluth no seu ateliê em Porto
Alegrer
Nelson viajava e criava. Cobiçado por fortes agências de
publicidade, ia ficando, no máximo fazia free lances. E foi em
parte, graças a esses free lances, conta ele, que pode construir a
casa ampla, cheia de recantos, um dos quais é o ateliê onde cria,
sem parar, sua mitológica tropilha de cavalos fantásticos. Ficou na
VARIG de 1946 a 1974. Viu Otto Meyer sonhar a empresa, Ruben Berta
realizar e Eric de Carvalho consolidar.
No ano passado, ao visitar com a mulher uma loja da VARIG em Paris,
viu um trabalho seu transformado em quadro e nobremente pendurado na
parede. A reação da funcionária ao saber que a obra era dele: “Então
o senhor é Nelson Jungbluth?” Ele se sentiu, como nunca,
reconhecido.
Nenhuma história
que se escreva sobre a VARIG, por mais breve e singela que seja,
pode deixar de reconhecer o trabalho que ela sempre prestou ao
Brasil e aos brasileiros e de ressaltar que a sua criação só foi
possível graças à perseverança e ao idealismo de um estrangeiro que,
chegando ao Brasil, trazia em sua mala, além do convite para
trabalhar numa fábrica de tecidos em Recife, o sonho de fundar uma
companhia de aviação.
Só aquele jovem alemão, de traços finos e elegante, chamado Otto
Ernst Meyer, humanista por convicção, ex-oficial da Força Aérea
Alemã, acreditava que aquele sonho fantástico se transformaria numa
grande empresa, pioneira da aviação comercial brasileira e maior
companhia aérea da América Latina, conhecida e respeitada em todo o
mundo.
Depois de uma frustrada incursão pela indústria de tecidos, Otto
Meyer, munido de farta documentação e de argumentos os muito bem
fundamentados, fez uma verdadeira peregrinação de norte a sul
tentando convencer empresários e autoridades de que num país com as
dimensões continentais como o Brasil, o transporte aéreo comercial,
mais do que um grande negócio, era uma necessidade e não uma
aventura. Insistia em que essa indústria tinha tudo para dar certo e
que se tornaria um dos principais instrumentos de irrigação do nosso
progresso e desenvolvimento.
Finalmente, depois de rodar o país, chegou a Porto Alegre, onde após
muita conversa e infindáveis reuniões, convenceu um grupo de homens
idealistas como ele a fundar a VARIG. Sonho realizado, mãos
à obra. Sabia que a missão era dura e que teria muito trabalho pela
frente. Precisava de alguém para ajudá-lo. Alguém que, como ele,
acreditasse no empreendimento. Foi aí que, atendendo a um anúncio
de jornal, apareceu o jovem Ruben Berta, que se tornou o primeiro
funcionário da VARIG. Ao lado de Otto Ernst Meyer, Berta tocou a
empresa que, a partir de 1941, passou a presidi-la.
A VARIG então cresceu e se desenvolveu e nestes 75 anos de
existência tornou-se, um pouco, o Brasil de asas. É que, além de
transportadora competente, sempre procurou fazer algo mais pela
bandeira que representa nos mais distantes aeroportos do mundo. E
foram – e são – muitos os serviços engenheiro de bordo, Erony
Daniel, decidiu que aquele seria, depois de 33 anos, seu último vôo
na companhia: “Quero que meu que presta ao Brasil e aos brasileiros.
Num tempo em que o mundo ficava mais longe, lá estava a VARIG
divulgando o nosso país. Com orgulho mostrava nossas paisagens,
expor, cantar e dançar lá fora, nossa arte e nossa cultura, Enfim,
mostrava a nossa gente. Levava nossos artistas para promovendo
também a vinda de celebridades para nos
conhecer melhor.
Muito antes da globalização, abriu rotas para África e a Ásia,
tornando-se elo entre o Brasil e outros povos. Num tempo em que não
existiam fax e internet e as dificuldades de comunicação eram
imensas, trazia matérias e fotos dos
nossos correspondentes espalhados pelo mundo com a mesma boa vontade
com que se oferecia para trazer medicamentos, sem similares no
Brasil, para doentes em situação delicada.
Eram os seus escritórios no exterior que os brasileiros procuravam
para saber do seu país, exercitar sua língua, ler jornais, saber o
resultado do futebol, o final da novela.
É por isso que, nesta festa de aniversário, nos sentimos felizes ao
perceber que nesses 75 anos, a nossa VARIG tem
sido, acima de tudo, uma boa companheira dos brasileiros. Felizes
também em saber que milhares deles, em algum momento de suas vidas,
puderam dizer: “Ah, se não fosse a VARIG”...
Tem avião que deixa
saudade, mas o Electra II passou da conta. Quando, no verão de
1991, sua aposentadoria na ponte aérea foi anunciada, protagonizou
um caso raro do Brasil: nem esperaram que morresse para falar bem
dele. O humorista Jô Soares: “Foi meu companheiro de profissão.
Começamos juntos. Nunca me deixou na mão. Agora, na troca pelos
jatos, saio perdendo. Ganho 10
minutos de viagem e perco 10 minutos de espaço...”. O publicitário
Gian Beting; “É como perder um parente”. Para o fotógrafo Pedro
Martinelli, que passou dois meses registrando os últimos vôos do
Electra, o mais impressionante era o carinho com que o pessoal da
mecânica e da limpeza dispensava ao Electra. Um piloto, Nelson
Freyesleben, 20 anos de Electra, não resistiu e resolveu se
aposentar junto.
Eles fizeram, só entre Rio e São Paulo, 40 idas a
Lua
Provectos, compactos, simpáticos, circunspectos, os 14 Electras da
VARIG ficaram 17 anos na ponte aérea. Com eles, Rio e São Paulo
estiveram unidas, 33 vezes ao dia, por uma espécie de balsa aérea.
Cada um fez 36 mil viagens, ficou mais de 15 milhões de quilômetros
no ar, levando 2,4 milhões de passageiros. Foram,ao todo, 500 mil
viagens, o equivalente a 1.250 voltas ao redor da Terra, 40 idas à
Lua. Acidentes? Nenhum.
Tanto fizeram que quase se incorporaram às paisagens do Rio e São
Paulo. Com que galhardia driblavam todo o santo dia os 394 metros da
rocha do Pão de Açúcar, sempre pela esquerda, sempre com sucesso,
com a graças a
precisão de um Garrincha. Em São Paulo, nos prédios que cercam
Congonhas, do quinto andar para cima eram considerados da família.
Só não pegava a Ruben Berta para deixar os passageiros em casa para
não humilhar os motoristas, que são gente nervosa.
Quando pensaram o Electra, os projetistas da Lockheed tinham em
mente o mesmo que Ferdinand Porshe ao criar o Fusca: uma eficiência
sem frescura. Ele deveria combinar a modernidade do jato com a
versatilidade das hélices, aterrissar e decolar em pequenos
aeroportos, voar longas distâncias quando preciso fosse (fazia São
Paulo–Manaus sem escalas), em boa velocidade (651 quilômetros por
hora) e que ainda por cima fosse espaçoso e de fácil manutenção. Deu
certo tanta pretensão? Deu, com o Electra II. O I saiu meio troncho
de asa e chegou a dar alguns vexames. Coisa de adolescente: o fervor
da hélice brigava com a estrutura das asas. Corrigida a falha,
decolou definitivo. Deixou a lição: às vezes, o sonho está certo, é
só harmonizar os detalhes.
Eles ainda estão voando firmes por aí, em outros
céus,os danados
Deixaram muitas lições, os Electras. Uma vida exemplar, pelo menos
entre nós. Voaram, voaram, serviram, serviram, só deixaram boas
lembranças e nunca machucaram ninguém. E se foram até por ali.
A verdade é que, vendidos para outras companhias, eles continuam
voando firmes por aí, os danados. Os grandes danados.
Simpatia, bom
atendimento são importantes. Mas, ao entrar num avião, o que o
passageiro mais espera é um vôo sereno. É embarcar numa aeronave
eficiente, pontual, segura e, principalmente, em perfeito estado de
saúde. Não é fácil, para um leigo, imaginar como um sonho assim tão
simples e justo possa exigir toda uma complexa infraestrutura de
manutenção, que pode ir desde uma inspeção diária até uma demorada
reforma geral,
além de profissionais capazes de lidar com uma Fantástica variedade de
peças e componentes. Para ter uma idéia: um Boeing 777 envolve, por
exemplo, uns três milhões de peças, 350 quilômetros de fiação
elétrica e milhares de componentes. Todo cuidado é pouco e, por isso
mesmo, a VARIG vem desenvolvendo no Brasil toda uma “cultura de
manutenção”. Foi por esse aumento de demanda na solicitação de
serviços de outras empresas que a manutenção da VARIG se tornou,
recentemente, uma. empresa do Grupo FRB-Par com a denominação VEM –
VARIG Engenharia e Manutenção. Seus maiores clientes são naturalmente
as empresas do Grupo-VARIG, Rio Sul Nordeste. Mas seus horizontes
são cada vez mais amplos, pois a VEM, agora com mais autonomia,
passou a fazer parte de um seleto grupo de empresas especializadas
na atividade conhecida universalmente por MRO – Maintenance, Repair
and Over-haul. A manutenção da mais simples inspeção visual a uma
intervenção pesada em oficina.
A boa imagem de uma compania depende em grande parte
da boa saúde de seus aviões
As unidades que compõem a VEM
encontram no Rio de Janeiro (Ilha do Governador) e em Porto Alegre
(Aeroporto Salgado Filho) e mais duas em São Paulo, nos aeroportos
de Congonhas e Internacional de Guarulhos. Muito diversas em
dimensões, instalações e atividades, sua interação e sinergia sugere
a existência de apenas um pólo VEM. Mesmo porque todos os centros
têm como denominador comum equipes de engenharia igual-mente
qualificadas que podem se envolver em qualquer trabalho de
instalação, modificação ou projetos de reparos e centros de
treinamento que mantêm um constante nível deatualização do grupo
como um todo. A VEM dispõe de 4.000 técnicos e engenheiros (dentre
eles, 1.452 especializados em células, 935 em motores e 631 em
aviônicos). A constante evolução da aviação comercial exige dentro
da VEM departamentos de ensino dotados dos mais modernos recursos de
Treinamento Baseado em Computador (CBT), que reúnem mensalmente até
650 “alunos”, a maioria com estágios em fábricas no exterior.
CATEDRAL No Rio de Janeiro, uma oficina de 180 mil
metros quadrados
Generalizando ao máximo instalações, serviços e especialidades
encontrados nos quatro centros da VEM, deve-se ressaltar primeiro a
unidade do Rio de Janeiro que é voltada para as grandes aeronaves de
dois corredores, wide-body, e opera numa área de 250.000 metros
quadrados próxima ao Aeroporto Internacional e um complexo de
180.000 metros quadrados de edificações e oficinas especializadas e
ainda o maior hangar da América
Latina (para três rodas e reios, interiores e equipamentos de
emergência dos aviões. Ali são feitos todos os tipos de serviços e
manutenção on-wing (sem remoção da aeronave) de motores GE. O centro
de Porto Alegre, dedicado a aeronaves de um corredor (narrow-body),
e à aviação executiva e regional, se desenvolve numa área de 180.000
metros quadrados. Ele se destaca no setor dos aviônicos (radar,
navegação, comunicação), sistemas em geral (como hidráulico,
pneumático, elétrico, combustível), contando ainda com uma oficina
de revisão de motores. No país existem 47 bases de manutenção.
A VEM opera num mercado global que só este ano vai movimentar US$ 35
bilhões e seu diretor-presidente, engenheiro Evandro, prevê um
faturamento de mais de US$ 35 bilhões nos próximos
cinco anos: "Afinal, a VEM está plenamente
capacitada para oferecer os mais sofisticados
serviços de MRO não só para a aviação comercial mas
para o cada vez mais poderoso segmento da aviação
executiva e corporativa".
CARTEIRA
Relação de companhias aéreas que já foram ou são
atendidas pela manutenção VARIG, hoje a VEM, nos
mais diversos segmentos de serviços: Aerolineas
Argentinas, Aeroperu, Air France, Air New Zealand,
Alitalia, American Air-lines, Ansett, Atlas Air,
Avensa, Avianca, British Air-ways, Con-tinental
Airlines, CO-PA, FAB - Força Aérea Brasileira, FAP -
Força Aérea Peruana, FAC-Força Aérea do Chile, Fedex,
Fly Sul Aerotaxi, Futura, GECAS, Gemini Air Cargo,
Ibe-ria, ILFC, Itapemirim, Lloyd Aéreo Boliviano,
Lanchile, LAP - Air Paraguay, Lapa, Lider Taxi
Aéreo, Lufthansa, Nigeria Air-ways, Pantanal,
Passaredo, Pegasus, Penta, Rico, Salta, SAS,
Swissair, TAAG - Angola Airlines, Taca, TAM
Regional, TAM Taxi Aéreo Marília, TAP - Air
Portugal, Total, Transbrasil, United Airlines,
Vasp-Viasa.
Em 1955, quando os
Super Constellation inauguravam uma linha para Nova York, que
iguaria fez mais sucesso a bordo? Foi uma entrada, Bitock de
Volaille. E em 19 de abril de 1960, no vôo que partiu de Nova York
lotado de celebridades que vinham conhecer Brasília? Nesse vôo
histórico o sucesso foi uma Truta Salmonada ao Vinho do Porto.
Pois no mês dos seus 75 anos a VARIG está brindando os passageiros
com um Menu Comemorativo que inclui
novas e velhas delícias entre as nuvens servidas. Ao contratar,
ainda na década de 50, os serviços da então famosa Boate Vogue do
Rio, a VARIG apostava na alta gastronomia como parte essencial de
uma viagem prazerosa. Uma face moderna dessa elaborada tradição é o
Programa Top Chefs. Lançado em 1997 e dirigido pelo chef e sommelier
Danio Braga, ele trouxe para as classes First e Business dos aviões
o toque e o sabor dos grandes mestres dos melhores restaurantes do
país.
Para que o leitor participe melhor desta festa, oferecemos a seguir
a receita de três pratos históricos. A Zupa Barcz, uma sopa de
beterraba à moda polonesa servida ao Papa por ocasião de sua visita
ao país em 1997. Um Ravióli Verde-e-Amarelo de Frango e Presunto com
Molho de Tomates, uma criação de Danio Braga em homenagem à seleção
brasileira
de 1998. E ainda, como sobremesa, um Parfait de Biscuit
au Fraise, que foi sucesso a bordo de um Caravelle no vôo que, em
1959, inaugurava a linha Rio–Brasília e a era do jato no Brasil.
Sopa
de Beterraba com creme azedo (Borchtch) Creme
Barszcz
FÉ E FUTEBOL Sopa polonesa para a
visita do Papa
|
Ingredientes para oito passageiros:
2 cebolas de picadas; 400 g de beterraba cortada em
lâminas
finas; 100 gramas de man-teiga sem sal; 2 litros de
caldo de frango; 2 galhos de salsa lisa; 3 talos de
aipo; 200 gramas de batatas em cubos; 100 ml de
creme de leite azedo.
Modo de fazer: refogue todos
ingredientes cortados em cu-bos com a manteiga sem
dourar a fogo brando até fica-rem transparentes,
junte o caldo da galinha e ferva duran-te pelo menos
duas horas. À parte pegue as beterrabas e asse-as de
véspera no forno a seco até ficarem macias e
murchas, Retire a polpa e continue a receita. Ao
término passar no liquidificador o cre-me e depois
no Chinois para retirar eventuais partículas. Sirva
a sopa decorando no meio do prato com uma colher de
creme azedo.
Ravióli verde e amarelo de frango e presunto com
molho de tomates
FÉ E FUTEBOL ravióli
verde-e-amarelo para a Copa
de 98 para a visita do Papa
|
Ingredientes para quatro
passageiros
300 g de frango (coxas e
sobrecoxas) cozido e moído; 100 g de
presunto cru tipo Parma picado em
pequena brunoise; 80 g de queijo
Parmesão ralado Italiano; 40 g de miolo
de pão de forma molhado no leite; sal e
pimenta a gosto.
Modo de fazer: prepare
numa tigela os ingredientes bem
temperados para poder obter o recheio.
Deixe descansar na geladeira por duas
horas. Prepare a massa (das duas cores)
e inicie o preparo dos raviolis.
Receita para 32 unidades de raviólis
Ingredientes para 100 g de massa branca
2 ovos; 90 g de farinha de trigo; 1
colher (sopa) de azeite; sal a gosto.
Ingredientes para 100 g de massa
verde
30 g de espinafre cozido e batido; 2
ovos; 90 g de farinha de trigo; 1 colher
(sopa) de azeite; sal a gosto.
Massa branca
Modo de fazer: misture os ovos com
azeite, coloque o sal e acrescente a
farinha aos poucos. Estique com o rolo.
Massa verde
Modo de fazer: misture os
ovos com azeite, o espinafre, coloque o
sal e acrescente a farinha aos poucos.
Estique com o rolo. Abrir cada massa
separadamente com o rolo. Fazer tiras de
6 cm de largura, unir uma branca com uma
verde utilizando uma clara de ovo. Fazer
círculos, rechear e fechar.
Molho de tomate
Compre 1 lata de tomate pelati italiano
de 300 ml. Faça um refogado com meia
cebola, 2 colheres de azeite e incorpore
o tomate.
Parfait de Biscuit
ERA JK Para a inauguração
da rota Rio - Brasilia.
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Massa de biscoito
Tenha à mão quatro aros individuais.
Ingredientes
75 g de farinha de trigo; 25 g
de açúcar; 25 g de manteiga gelada sem
sal; 1 gema; 2 g de fermento em pó; 5
gotas de baunilha.
Modo de fazer: misture
tudo e amasse. Deixe na geladeira
coberto por um filme plástico por 30
minutos
Base do Parfait
Ingredientes:
250 ml de creme de leite; 250 ml de
leite; 5 g de folha de gelatina; 75 g de
açúcar; 3 gemas; 5 gotas de baunilha
Modo de fazer: bata as
gemas com açúcar e a baunilha. Ferva o
leite e adicione aos poucos nas gemas.
Leve ao fogo sem ferver. Derreta a
gelatina em banho Maria com 3 colheres
(sopa) de água e adicionenas
gemas.Esfrie rapidamente e misture o
creme de leite batido.
Recheio e calda
Ingredientes
300 g de morangos; 40 g de
açúcar; 100 ml de água
Modo de fazer: separe 15 morangos para o
recheio e com o restante dos
ingredientes faça uma calda no fogo.
Montagem: abra a massa em
um tabuleiro, corte já nos aros e leve
ao forno por 10 minutos. Depois de frio,
pegue os 12 morangos separados, fatie e
coloque em cima da massa. Cubra com o
creme com o parfait e leve à geladeira
Depois de endurecido, sirva com a calda
e enfeite com um morango por cima.
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São 10h15 do dia 5
de junho de 1927, um frio domingo gaúcho. Depois de algumas
tentativas, o hidroavião Atlântico consegue levantar vôo das águas
do Guaíba levando a bordo – um time de futebol. Era o bravo São José
de Porto Alegre que ia a Pelotas enfrentar o Grêmio Esportivo
Pelotas. Era a primeira vez no Brasil, e provavelmente, no mundo,
que um time de futebol ia viajar de avião. Ninguém podia conceber,
naquela época, sair de
manhã para jogar de tarde numa cidade a 250 quilômetros de
distância. Pior: num avião onde só cabiam nove. Dois voluntários,
entre eles o goleiro Bagre, se ofereceram para viajar no porão da
carga e assim manter intacto o 11 do São José.
Tri no México: Pelé celebra com a tripulação
Em Pelotas, foram
recebidos com glória, o jogo em si foi 2 x 2, mas tudo era festa,
com baile de noite inteira e volta só no dia seguinte Aeroporto da
Cidade do México, 2h28 da madrugada, dia 23 de junho de 1970. Um
Boeing 707 está para decolar rumo ao Brasil. Emocionado, o chefe dos
comissários, quebra os protocolos e anuncia: "Este é o Vôo da
Vitória México–Rio de Janeiro com escalas em Acapulco e Brasília.
Façam deste avião a casa de vocês e... bola pra frente!” E o Boeing
levanta vôo com a seleção tricampeã a bordo. A viagem é uma festa. A
Copa Jules Rimet corre de mão em mão. Pelé, Zé Maria e Jairzinho
comandam um samba. Admildo Chirol, o preparador físico, tenta
explicar a boa performance da rapaziada: “Foi tudo
cientifica-mente planejado”... Zagalo também tem sua explicação:
“Para cada jogo usamos
um esquema segundo as circunstâncias”...
O presidente da VARIG,
Eric de Carvalho, exalta o fato de que “jogadores, chefia e torcida
eram todos uma só voz e um só sentimento”. Quando, à uma e doze da
outra madrugada, o avião chega enfim ao Rio de Janeiro, a cidade se
mostrava tão envolta em luzes e pingos de chuva fina que o zagueirão
Fontana assim houve por bem resumirtudo: “Parece um sonho”.
Entre o primeiro time trans-portado e o título de transportadora
oficial da seleção, 43 anos se passaram na história da empresa. De
lá para cá, nas boas e nas ruins, a VARIG tem vibrado e sofrido com
o Brasil das Copas. Em 1994, na volta de Los Angeles, a festa
parecia a de 70. Romário, Zinho e Viola no co-mando do pagode, a
Copa de mão em mão e autógrafos de todo o jeito. O filho, que não
viu a Copa de 70, saiba que me aposentei trazendo os atuais melhores
do mundo”. Henrique Cibulska, um dos comandantes desse Vôo da
Vitória, declarava: “Se levar a seleção já foi maravilhoso, imagine
a volta com o caneco”. Foi ele quem abriu a janela da cabine para
que Romário, de bandeira em punho, protagonizasse aquela foto
histórica. Mas o que mais emocionou o comandante foi ver o sóbrio
Parreira chorando ao divisar, lá de cima, a multidão em festa que
cercava o Aeroporto de Guararapes, no Recife.
VARIG 75 anos. Em
75 anos muita coisa aconteceu. No
Brasil, na VARIG, na vida das pessoas.
Os vídeos de bordo que contam os 75 anos
da VARIG vão surpreender você!
Curiosidades, moda, culinária, gente
famosa e os vôos especiais.Tudo isso
inserido nos diferentes contextos
históricos, desde o art decô até a
informática. Bem-vindo ao futuro.
Bem-vindo a VARIG!
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Novos vôos para Frankfurt e Paris. A
VARIG apresenta mais uma grande novidade para seus
clientes. Desde o dia 1º de abril a VARIG está
oferecendo saídas diárias de Porto Alegre para
Frankfurt, com escala em São Paulo, operados pelo
superjato MD-11, e de Foz do Iguaçu e Curitiba para
Paris, com escala em São Paulo (ambos os vôos com
opção de Primeira Classe, Classe Executiva e Classe
Econômica). Confira os horários:
Porto Alegre/Frankfurt:
Ida: Vôo RG 8740
Porto Alegre (partida): 19h30
São Paulo (chegada): 21h00
(partida): 22h25
Frankfurt (chegada): 15h00
Volta: Vôo RG 8741
Frankfurt (partida): 22h05
São Paulo (chegada): 5h00
(partida): 7h00
Porto Alegre (chegada): 8h30
Foz do Iguaçu/Curitiba/Paris:
Ida: Vôo RG 8720
Foz do Iguaçu (partida): 17h45
Curitiba (chegada): 18h45
(partida): 19h30
São Paulo (chegada): 20h30
(partida): 22h20
Paris (chegada): 14h40
Volta: Vôo RG 8721
Paris (partida): 22h30
São Paulo (chegada): 5h30
(partida): 8h00
Curitiba (chegada): 9h00
(partida): 9h45
Foz do Iguaçu (chegada): 10h55
Bilhete Eletrônico. A
VARIG implantou o Bilhete Eletrônico em todas as
rotas domésticas. Agora a venda de passagens
dispensa o uso do bilhete convencional (formulário
carbonado, impresso para o passageiro). O cliente
solicita seu Bilhete Eletrônico via internet,
telefone, lojas ou quiosques VARIG que é
automaticamente registrado, ficando armazenado no
sistema para consultas. Isso permite que, ao chegar
no aeroporto, o cliente dirija-se diretamente ao
check-in para retirar o cartão de embarque, tendo
apenas de fornecer seu nome e os documentos exigidos
pelas autoridades locais. Ao optar pelo Bilhete
Eletrônico, além do conforto e da praticidade, o
risco de perder ou ter seu bilhete extraviado é
eliminado.
Air
Canada, Air New Zealand, ANA
(All Nippon Airways), Austrian Airlines,
British Midland, Lauda-air, Lufthansa,
Mexicana, SAS Scandinavian Airlines,
Singapore Airlines,Thai International,
Tyrolean, United Airlines e VARIG
compõem a Star Alliance, voando para 894
aeroportos em 129 países e
contabilizando mais de 12.000 decolagens
por dia. Os usuários dessas companhias
que possuem os cartões Star Alliance
Gold e Smiles Ouro e Diamante têm à
disposição mais de 300 salas VIP.
Acordo entre VARIG e Air Canada. A
VARIG e a AIR CANADA lançaram em 28 de
abril seu vôo em code-share para
Toronto, no Canadá. As saídas do
Aeroporto de Guarulhos (SP) ocorrem às
2as, 4as, 6as, sábados e domingos, às
21h10 e a chegada em Toronto é às 6h40.
Os vôos da volta partem às 3as, 5as,
6as, sábados e domingos, às 20h30 e
chegam em São Paulo às 7h45. O Boeing
767-300 é operado pela AIR CANADA. As
duas empresas, que fazem parte da Star
Alliance, reforçarão as suas presenças
nos mercados Brasil/Canadá.
São Paulo/Toronto
RG 7191/AC 991
Toronto/São Paulo
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Varig junho de 2000.
A Fundação Ruben Berta, controladora do então
chamado Grupo VARIG, toma uma decisão histórica:
decide promover a reestruturação societária do maior
grupo de transporte aéreo do país e cria a FRB-Par
Investimentos Ltda., holding que passa a controlar
as empresas de um dos mais importantes conglomerados
empresariais da economia brasileira. A atitude só é
comparável à criação da própria Fundação dos
Funcionários da VARIG (hoje Fundação Ruben Berta),
criada em 1945 pela visão pioneira de Ruben Berta, e
que, pela primeira vez no Brasil, transferia o
controle da empresa para as mãos de seus próprios
empregados.
A reestruturação criou três subholdings, cada uma
delas composta por empresas com interesses e perfis
semelhantes, mostrando que todas possuem bagagem
para ter vida e brilho próprios. Uma coleção de
superlativos que, além da VARIG, inclui, por
exemplo, a terceira maior empresa aérea do Brasil
(RIO SUL), a maior empresa aérea do Nordeste
(NORDESTE), a maior empresa de ground handling (SATA),
a maior empresa de reservas da América do Sul
(AMADEUS Brasil), a mais tradicional rede de hotéis
do país (TROPICAL), ou a maior empresa de engenharia
e manutenção do hemisfério sul (VEM).
A seguir, por ordem alfabética, um breve perfil da
empresas que, com a VARIG, a mais conhecida, formam
o Grupo FRB-Par.
AMADEUS BRASIL
A AMADEUS Brasil é uma empresa que não pára de
ampliar seus horizontes. Criada em julho de 1999
representa, no Brasil, o maior sistema de
distribuição de produtos e reservas do mercado
turístico. Atendendo às necessidades dos agentes de
viagens, o sistema favorece diretamente o
passageiro, que pode contar com uma ampla estrutura
para um melhor planejamento de suas viagens, com
maior agilidade em reservas e emissão de bilhetes.
O sistema AMADEUS Internacional (em uso no Brasil
desde 1994) foi criado por um grupo de empresas
aéreas européias e é, atualmente, o líder mundial do
setor, com mais de 225 mil terminais instalados em
139 países. Oferece aos agentes de viagens a
possibilidade de reserves em mais de 500 companhias
aéreas, cerca de 53 mil hotéis e mais de 23 mil
pontos de locação de veículos, espalhados ao redor
do planeta. Mas, a AMADEUS Brasil não se limita a
oferecer esses serviços. "Queremos vender soluções
para nossos clientes", enfatiza o presidente da
empresa Faustino Pereira. "Aqui, desenvolvemos
projetos que atendam às necessidades de cada um dos
que se utilizam do nosso sistema. E não fazemos
distinções entre o pequeno, o médio ou grande agente
de viagens: para nós, todos são importantes e
únicos".
A estratégia adotada pela AMADEUS Brasil tem dado
certo: em seus poucos anos de existência, já é líder
do mercado. Para alcançar, e manter, essa posição no
ranking, não pára de se atualizar: atualmente, por
exemplo, a companhia vem se dedicando a utilizar, em
toda sua potencialidade, os recursos tecnológicos
oferecidos pela internet para montar novos produtos
e serviços. E todos com uma vantagem inédita no
Brasil: a AMADEUS Brasil é a única a utilizar o
idioma português em seu sistema.
NORDESTE
Nascida e sediada em Salvador, a NORDESTE se orgulha
de ser a mais importante empresa de aviação daquela
região e uma das principais do país. Fundada em
1976, para atuar no transporte aéreo regional, foi
comprada pela RIO SUL em 1995, iniciando-se uma nova
fase da companhia, com a renovação total de sua
frota e o aporte de maciços investimentos na
modernização da sua operação.
Com isso, foi possível montar uma nova malha de
vôos, permitindo entrelaçar as rotas da própria
NORDESTE, com os vôos da RIO SUL e da VARIG,
oferecendo aos passageiros da empresa a
possibilidade de percorrer o país, de ponta a ponta,
com inúmeras opções de vôos e de horários.
Atualmente, a empresa atende 41 cidades em 19
Estados brasileiros. "Queremos crescer e buscar
lucros", afirma o presidente da empresa, João
Roberto Lacerda Sabino. "E para isso a NORDESTE
investe, permanentemente, na modernização, na
qualidade dos serviços e em seus recursos humanos".
Os números apresentados pela empresa avalizam as
afirmações de seu presidente: a NORDESTE cresceu
quase 12 vezes desde que se tornou integrante da
família VARIG (hoje Grupo FRB-Par), em 1995; o
número de passageiros transportados pela companhia
saltou de 70 mil, em 1994, para 752 mil em 99,
chegando próximo a 1,1 milhão em 2000; o conjunto de
investimentos refletiu no significativo crescimento
da receita, que passou de R$ 15 milhões, em 1994,
para cerca de R$ 260 milhões em 2001.
Atualmente a frota da NORDESTE é composta por
Boeings 737-500 e 737-300, Brasílias; Fokkers e Jet
Class, num total de 17 aeronaves de última geração.
As ligações intercapitais – com horários que
possibilitam ao passageiro fazer suas viagens de ida
e voltar no mesmo dia – é um dos carros-chefes da
companhia. Outra atração da malha da NORDESTE é a
rota para o arquipélago de Fernando de Noronha, que
passou a ser feita com jatos Boeing, oferecendo
maior rapidez nas ligações entra a ilha e o
continente.
RIO SUL
Sete Bandeirantes, oito Navajos, dois Sabre Line e
um Learjet, voando pelos céus do Rio Grande do Sul,
de Santa Catarina, do Paraná, do Rio de Janeiro, de
São Paulo e por parte do Espírito Santo, foram o
modesto, mas ousado, início daquela que é hoje uma
das mais importantes empresas de aviação nacionais:
a RIO SUL. Dos pioneiros vôos regionais de 1976, às
ligações entre os aeroportos centrais das grandes
capitais brasileiras, a companhia consolidou sua
vocação de preferida daqueles que viajam a negócios,
que precisam de horários adequados e cumpridos com
regularidade. Mas a RIO SUL não abandonou suas
origens e entre seus 38 destinos inclui importantes
cidades do interior onde os vôos a negócios são
fundamentais.
A flexibilidade da oferta de vôos da RIO SUL também
só é possível graças à manutenção de outra
tradicional postura da empresa: a variedade de
composição da atual frota que inclui Boeings
737-500, 737-300, 737-700, Brasílias e a estrela da
companhia, os ERJ-145, fabricados pela Embraer e
batizados de Jet Class na RIO SUL. Esse jato para 50
passageiros, criado especialmente para a aviação
regional e que apresenta inovadoras condições de
conforto e de segurança, já está sendo utilizado –
nos fins de semana – nos vôos da Ponte VARIG - RIO
SUL, entre o Rio e São Paulo.
Em seus 25 anos de existência, a RIO SUL – mesmo
mantendo algumas de suas pioneiras tradições –
sempre foi inovadora. Em 1983, por exemplo, decidiu
lançar tarifas promocionais para mulheres, para
aposentados e para maiores de 65 anos. Na mesma
época, fechou contrato com a Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos e passou a transportar objetos
postais pela Rede Postal Noturna.
No ano passado, a RIO SUL completou seus 25 anos
apresentando os melhores resultados financeiros
entre todas as empresas aéreas do país.
ROTATUR
Logo depois das modificações que fizeram surgir o
Grupo FRB-Par, decidiu-se pelo resgate da ROTATUR. A
empresa, que funcionou por algum tempo na década de
70, promovendo vôos charter – principalmente para a
Europa –, retomou suas atividades e já é a mais
importante charteadora do país, oferecendo um
produto-âncora inédito e único: viagens de baixo
custo realizadas em aeronaves das empresas do grupo,
ocupando seus horários ociosos.
A idéia básica é concorrer com as viagens
rodoviárias de longa distância pelo Brasil, unindo,
basicamente, as capitais do Sul/Sudeste às
principais cidades do Nordeste, com preços e
condições de pagamento semelhantes aos das
companhias de ônibus. Os vôos da ROTATUR, porém, são
inteiramente diferenciados e, em momento nenhum,
concorrem com as rotas regulares das empresas do
Grupo FRB-Par. Entre muitas outras diferenças estão,
por exemplo, no serviço de bordo que se limita a
lanches frios e refrigerantes; nos horários
elásticos e que podem ser cancelados, adiados ou
adiantados, com até 24 horas de antecedência; ou na
marcação de lugares, que não existe em qualquer dos
vôos. Mas, o grande diferencial das viagens da
ROTATUR é a forma de comercialização das passagens,
feita em parceria com a empresa BRA (Brasil Rodo
Aéreo) que, em centenas de pontos espalhados pelo
país, se responsabiliza pela venda e controle de
todo o processo.
O sucesso e o amadurecimento do produto-âncora da
ROTATUR está permitindo que a empresa possa dar
continuidade a seus planos mais ousados. Entre eles
– em conjunto com a área de vendas da VARIG – a
disponibilização de vôos charter internacionais
ligando o Brasil à Europa e aos Estados Unidos.
Entre estes já está em funcionamento o que faz a
ligação entre Portugal e as principais capitais do
Nordeste, e que tem trazido centenas de turistas
europeus para o Brasil.
SATA
Mesmo os mais assíduos freqüentadores de aeroportos
brasileiros desconhecem o significado da marca SATA
estampada nas escadas que servem ao desembarque de
passageiros, nas dezenas de veículos que circulam
pelos pátios ou nos uniformes de homens e mulheres
que cuidam da limpeza e da arrumação das aeronaves.
É menor ainda o número daqueles que sabem ser a
empresa Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo a
mais importante companhia de ground handling da
América do Sul e estar ligada ao Grupo FRB-Par.
Nascida em 1954 para ser uma empresa de
telecomunicações aeronáuticas criada por um
consórcio de companhias de aviação nacionais, o
destino da SATA foi se modificando com o passar do
tempo. Especializou-se nos serviços de rampa
(carregamento e descarregamento de aeronaves –
bagagens e cargas) até que em 1994 decidiu-se por
uma transformação, com a SATA passando a buscar
crescimento e especialização no segmento de handling
(que inclui, entre outros, serviços de rampa, de
limpeza interna, de abastecimento de água potável e
de ar-condicionado, de drenagem dos banheiros, de
sinalização de pista e de reboque das aeronaves).
"Atualmente – diz o presidente da SATA, Floriano
Zinaro Ribeiro da Silva – estamos presentes nos 25
maiores aeroportos brasileiros (além do aeroporto de
Carrasco, em Montevidéu, Uruguai), atendendo às
principais companhias aéreas nacionais e
internacionais". E a empresa continua a evoluir e já
oferece check-in para passageiros de empresas
estrangeiras que voam no Brasil, serviços nas salas
de embarque de alguns aeroportos e atendimento a
aviação executiva, mercado em grande crescimento no
Brasil.
TROPICAL HOTELS
A Rede TROPICAL de Hotéis vive, atualmente, nas
palavras de seu próprio presidente, Carlos Alberto
de Almeida, "um momento especial". Segundo maior
grupo hoteleiro do país, possui unidades nos
principais destinos turísticos do Brasil e pretende
ampliar, ainda mais, sua participação no mercado. "O
nosso país – diz Carlos Alberto – começa a ganhar
peso no mapa dos estrangeiros que viajam e a
TROPICAL arranca para um programa de expansão
inédito em sua história".
E as atividades da empresa nos últimos seis meses
podem comprovar a busca por esses objetivos: em
dezembro do ano passado, foi reinaugurado o
tradicional Grande Hotel e Termas de Araxá (Minas
Gerais); em março, começou a funcionar o TROPICAL
Business Ibirapuera (o segundo hotel da Rede em São
Paulo); e, em abril, incorporados ao grupo o Costa
Esmeralda e o Oceano Praia, dois belos hotéis em
Porto Seguro (Bahia), um dos mais importantes
destinos turísticos do Brasil. Além disso, em
outubro do ano passado, a empresa lançou o projeto
do TROPICAL Business Guarulhos, primeira unidade da
rede totalmente destinada ao mercado corporativo.
As marcas da TROPICAL, porém, não param por aí: o
TROPICAL das Cataratas, em Foz do Iguaçu, tornou-se
o único hotel da América do Sul a conquistar a
certificação ISO 14001, enquanto o TROPICAL de
Manaus mantém o título de maior hotel de luxo do
Brasil, com seus 601 apartamentos plantados no
coração da floresta amazônica. Além deles, a rede
ainda opera o TROPICAL Tambaú (em João Pessoa), o
TROPICAL da Bahia (em Salvador) e o TROPICAL
Planalto (em São Paulo).
VARIG ENGENHARIA E MANUTENÇÃO - VEM
A
VEM é a caçula do grupo, criada oficialmente em
janeiro de 2002. É, sem dúvida, a mais
importante companhia de MRO (Maintence, Repair &
Overhaul - Manutenção, Reparo e Revisão Geral)
de toda a América Latina. "A criação da VEM –
diz o engenheiro Evandro Braga de Oliveira, seu
presidente – alinha a VARIG com as maiores
companhias aéreas do mundo, pois temos ativos
essenciais em manutenção aeronáutica:
credibilidade e o maior e mais bem aparelhado
parque industrial do hemisfério sul".
No ano passado, ainda na condição de Unidade de
Negócios ligada administrativamente à VARIG, a
companhia alcançou um faturamento da ordem de
US$ 200 milhões. Para este ano, já como empresa
independente, a VEM pretende acrescentar pelo
menos 10% a mais a esses números. "Nos próximos
cinco anos – diz Evandro Braga de Oliveira –
chegaremos à casa dos US$ 500 milhões de
faturamento".
A VEM tem suas principais instalações em Porto
Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, todas
homologadas pelo Departamento de Aviação Civil
(DAC) do Brasil, pela Federal Aviation Agency (FAA)
dos Estados Unidos e pela Joint Aviation
Authorities (JAA) da Comunidade Européia. Em
Porto Alegre, são 180 mil metros quadrados de
área, enquanto que no Rio a VEM ocupa 220 mil
metros quadrados onde, entre outras instalações,
está o gigantesco hangar, o maior no Hemisfério
Sul. No Aeroporto Internacional de São Paulo, em
Guarulhos, a VEM possui uma grande base de
manutenção para aviões que chegam e partem para
destinos distantes, tanto no exterior como no
Brasil. Ao todo, são 33 bases no Brasil e outras
20 no exterior.
VARIG LOGÍSTICA
A VARIG começou a transportar cargas no mesmo dia de
sua fundação. Na época, eram apenas malas postais e,
nesse início, a carga era considerada apenas como
fonte de receita suplementar. Esse cenário
permaneceu até 1944, quando a VARIG iniciou vôos
exclusivamente cargueiros, ligando Porto Alegre e
Pelotas com Junker F-13 e Electra-10. Essa linhas
seriam, posteriormente estendidas a Curitiba, São
Paulo e Rio de Janeiro, em três vôos semanais.
Em 1948, a VARIG registrou no Departamento de
Aviação Civil (DAC) o seu primeiro avião
inteiramente cargueiro e, ao mesmo tempo, criava
seções de cargas em Porto Alegre, Curitiba,
Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. Na década
de 60, incorporou o B-707F e nos anos 70, adicionava
os B-727-100F a sua frota. Em 1985 inaugurou o
centro de distribuição de carga de São Paulo,
equipado com câmara frigorífica, cofre para valores,
área para cargas perecíveis e perigosas. Um ano
depois, foram adquiridos dois DC-10F e, em 1987,
inaugurado o centro de distribuição de carga do Rio
de Janeiro, com 10 mil metros quadrados de área e
oferecendo os mesmos equipamentos disponibilizados
em São Paulo. Em 1993, a área de transporte de
cargas da empresa passou a ser chamada de VARIG
CARGO e, em 1999, transformou-se em uma Unidade de
Negócio da companhia. Na época, a frota de
cargueiros da VARIG CARGO totalizava sete aeronaves,
sendo cinco B-727-100F e dois DC-10F. Somados aos
compartimentos de cargas dos aviões de passageiros,
oferecia-se ao mercado 134 aeronaves e uma cobertura
a mais de 4 mil cidades no Brasil, e a 26 no
exterior, em 200 vôos semanais para os quatro
continentes. Finalmente em 2000, com a
reestruturação do Grupo, foi criada a VARIG
LOGÍSTICA que, pouco mais de um ano de existência
como empresa independente, já começa a se firmar
como a transportadora de referência da América
Latina. E, como repete com insistência o presidente
da companhia, José Carlos da Rocha Lima, "a VARIG
LOG não é apenas mais uma entregadora de encomendas
aéreas".
Segundo ele, a empresa tem como objetivo básico
oferecer, além do transporte aéreo de cargas, as
soluções logísticas mais adequadas para o mercado
nacional, com o objetivo de gerenciar todo o
processo, atendendo a cargas fracionadas,
industriais e a demanda criada pelo comércio
eletrônico. Atualmente, a VARIG LOG tem capacidade
de cuidar desde o estoque, até a distribuição dos
produtos de seus clientes, oferecendo serviços de
armazenamento, gerenciamento de estoques, embalagem,
transporte e distribuição.
A VARIG LOG tem 45 escritórios no Brasil e 55 no
exterior, operando sistemas integrados de
informações capazes de rastrear todas as cargas
transportadas e fornecer o seu status atual em
segundos. Além disso, possui uma rede global de
vendas e centros de distribuição de cargas em São
Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Porto Alegre,
Frankfurt, Miami e Nova York, que operam 24 horas
por dia, servindo de ponto de conexão e distribuição
tanto para o Brasil, quanto para os países do
Mercosul, da Europa, da Ásia e os Estados Unidos.
VARIG TRAVEL
Criada há alguns anos, até meados de 2001, a VARIG
TRAVEL não possuía estrutura própria para exercer
suas atividades, limitadas, até então, à oferta de
viagens aos funcionários do grupo e à montagem de
pacotes destinados a participantes de congressos e
eventos nacionais e internacionais. Atualmente,
depois de se tornar uma empresa independente
(associando-se a uma das maiores e mais tradicionais
operadoras do Brasil, a PanExpress) a VARIG TRAVEL
tem objetivos bem mais ambiciosos: quer se
transformar numa grife no mercado turístico
brasileiro.
Mesmo já tendo nascido grande, a idéia da empresa é
não parar de crescer e, num curto espaço de tempo,
conquistar pelo menos 50% do mercado nacional. Até o
fim deste ano, por exemplo, a operadora deve chegar
a 60 lojas espalhadas de norte a sul do país.
"Estamos em um ciclo permanente de expansão",
garante Manuel Lourenço, diretor executivo da VARIG
TRAVEL. Ele lembra que, entre outras atividades já
consolidadas nesses poucos meses de funcionamento,
está a retomada do crescimento na venda de pacotes
para a Europa e para os Estados Unidos – destinos
especialmente abalados depois dos trágicos eventos
de 11 de setembro de 2001.
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