ÍCARO BRASIL Nº 206, 207 e 208 -
Outubro, Novembro e Dezembro de 2001
Ao Brasil, com esperança
No momento em que escrevo este editorial, como
qualquer ser humano, ainda me sinto abalado pelas
trevas que, ao se abater sobre Nova York e
Washington, ameaçam o mundo. Em que pesem nossa dor
e sede de justiça, anseio por uma corajosa volta à
racionalidade, ao trabalho produtivo com um mínimo
de restrições e um máximo de concórdia, estímulo e
incentivo. Penso que só assim todo o lado mais
luminoso da humanidade, essa vontade de crescer,
inovar e de se desenvolver, vai se tornar mais forte
e fecundo do que o puro e simples espírito de
revanche.
Logo depois dos trágicos dias em Nova York, me
chamou a atenção o renovado carinho com que muitos
brasileiros voltaram para casa dando mais valor à
sua pátria.
Este O Bom do Brasil revela com especial eloqüência
as diferentes áreas em que nosso povo se mostra
criativo, competente e consciente de suas
potencialidades. A edição inteira ressalta que, além
de possuirmos uma natureza privilegiada, somos
também capazes de produzir uma intensa riqueza
cultural em música, literatura, teatro; de gerar
atletas que vão muito além do futebol; de tornar
produtos tradicionais como o café, tão sofisticados
quanto internacionalmente competitivos, e de manter
empresas inovadoras e tecnologicamente avançadas,
tanto no setor privado como no público.
O alto-astral desta edição não pretende eludir
nossos dramas sociais. Ao ressaltar o muito que já
temos e fizemos de bonito e competente, ela pretende
renovar nossos sonhos e nossa luta na direção de um
país mais justo e feliz.
É disso que precisamos hoje todos, o Brasil e o
mundo - solidariedade e esperança. Com humildade
devemos compreender que é o momento de voltar às
origens e continuar aprendendo com a vida e a
natureza - a planta queimada pela seca inicia sua
recuperação à primeira gota de chuva. Nossa
solidariedade e nossa esperança hão de ser como essa
chuva.
Volta ao trabalho
Os ataques terroristas daquele fatídico 11 de
setembro, e as ações que se seguiram, mantêm o mundo
e cada um de nós num estranho estado de espírito. De
um lado, há uma frenética e ansiosa busca de
notícias, permanecendo sagrado o direito à livre informação. De outro lado, o perigo
é a lenta e imperceptível cristalização de uma certa mentalidade
catastrófica que, se não conscientizada, tende a
manter milhões de pessoas como que paralisadas pela
ansiedade.
Nas últimas semanas, onde posso, tenho insistido em
que devemos o quanto antes voltar ao normal, pois
essa postura de pavor estéril só vem colaborar para
ampliar, de forma contrária ao interesse de todos, a ação nefasta dos terroristas. Sua mais triste
sequela é uma perigosa recessão de estados de alma e
de atividades. Ora, o terrorismo é um inimigo a ser
combatido, sim, mas não é custa do nosso otimismo,
da nossa capacidade de viver, trabalhar, planejar o
futuro, desenvolver novos produtos, criar novas
oportunidades no mercado - sonhar, investir.
Por mais perverso que seja, nenhum tipo de terror
pode adiar nosso compromisso com as gerações
futuras, com o mundo melhor que queremos para nossos
filhos e nossos netos. Por isso, governo, empresas e
associações, todos devem trabalhar para uma volta à
realidade o mais depressa possível. Trabalhar para
gerar mais empregos, ambiente mais propício aos
negócios, conscientes de que a insanidade alheia não
deve servir de desculpa para a gente ser e fazer
menos. Basta ter um mínimo de consciência, para
saber que o mundo aberto às pessoas de boa vontade é
muito maior, mais sólido e mais fecundo do que o das
cavernas e do rancor.
E já existem indícios positivos para o Brasil, de
que, dentro da tragédia, a presente crise pode nos
trazer também benefícios, a começar pelo maior
consumo de produtos fabricados localmente e pela
ampliação do turismo nacional, com tanta beleza a
ser descoberta pelos brasileiros.
Infelizmente, também as companhias aéreas tem sido
vítimas da violência, desde a perpetração dos
atentados, até a guerra psicológica que se instalou
no mundo como consequência, atingindo até mesmo o
nosso país, de tradição pacífica e empresas aéreas
com uma história de seriedade e competência. Nesse
sentido, a tradição da VARIG em segurança remonta à
sua fundação, em 1927, com a excelência em mecânica
e manutenção, há muito reconhecidas
internacionalmente. De fato, não há como trabalhar
em aviação, sem uma aguda consciência do valor de
cada vida humana e da importância da missão que as
empresas aéreas cumprem a cada dia, para o
crescimento e a integração do país. Vamos todos,
pois, voltar toda a atenção ao trabalho. Mesmo com
uma guerra no horizonte, é hora de construir um
mundo mais feliz e mais justo, que servirá também
para combater o lado escuro das ideologias,
quaisquer que elas sejam.
O segundo ano do milênio
Tudo parece andar cada vez mais depressa e, quase
com surpresa, vemos mais um ano findar. Com ele
também termina o mais longo período de estabilidade
e crescimento econômico dos Estados Unidos, trazendo
a reboque o resto do mundo.
Infelizmente, as previsões de manutenção da
prosperidade, que os analistas vislumbravam, não se
confirmaram. A alta do preço do petróleo inaugurou,
no primeiro semestre, um desfile de aumento de
custos, que rapidamente se refletiu no bolso dos
compradores. Em que pesem os esforços para uma
significativa redução das taxas de juros
internacionais, a economia pouco ou nada reagiu. Os
ataques terroristas nos Estados Unidos, em setembro,
foram um fato novo e negativo que contribuiu para
introduzir influências não esperadas no desempenho
econômico das nações, aumentando, entre outros, os
custos com as operações militares, determinando
subsídios aos segmentos mais afetados, em particular
o do transporte aéreo, das nações mais
desenvolvidas.
É a partir desse cenário que o mundo caminha para o
segundo ano do milênio, longe das previsões
otimistas de uma sociedade melhor, mais justa e
econômica. Mesmo assim, apesar da gravidade do
momento, e com um conflito diferente em curso -
contra um adversário quase sub-reptício - é sempre
bom olhar para o próximo ano sob a ótica do que
todos podemos fazer de melhor, contando com a maior
contribuição possível de cada um de nós.
a medida que o milênio avança, mantém-se no ar uma
antiga pergunta, ainda sem resposta. Que espécie de
futuro desejamos para nós mesmos, para nossas
famílias e filhos? Sem dúvida, um futuro muito
melhor e bem distante dos choques que vivenciamos.
Há uma certa unanimidade nas projeções demográficas,
desenhando o nascimento de uma "nova sociedade". Ela
deverá ser caracterizada por algo em que os
especialistas começaram a prestar atenção, somente
agora: o rápido crescimento da parcela mais velha da
população, com a queda da taxa de nascimentos e
aumento da expectativa de vida.
Quais são os significados disso? Segundo os
analistas, mudanças sensíveis ocorrerão nos atuais e
tradicionais perfis de demanda por produtos e
serviços, tais como concebidos hoje. Conhecimento,
cultura e informação serão fatores predominantes no
futuro que se vislumbra. A educação dos povos,
importante no passado, será essencial daqui para
frente.
Feliz 2002, com muita fé no porvir que todos
desejamos!
Energia elétrica de sobra
O que se encontra a bordo de qualquer voo comercial
contrasta agradavelmente com a limitação no consumo
de energia elétrica que vigora em terra no Brasil:
iluminação profusa, fornos e máquinas de café a
plena potência, além de uma série de sistemas que
não aparecem para o passageiro.
A capacidade de geração de um jato moderno é respeitável:
até 320 kW em um Boeing 747. Os geradores são
alimentados pelos motores do avião, que por sua vez
são ligados, com a aeronave no solo, graças à
energia suprida pela unidade auxiliar de potência (APU).
A tensão é de 115 volts em corrente alternada, numa frequência de 400 Hz em lugar dos nossos 60 Hz. Na
prática, só se utiliza uma parte da capacidade
geradora total, 60 kW no caso do Boeing 747. Essa
reserva poderia parecer excessiva, não fosse a
atividade febril das galleys quando o avião está
lotado. No 747 são 18 fornos de 3 kW cada, e algumas
máquinas de café que consomem até 5 kW cada para
preparar seis xícaras de café por minuto.
Isso é o que pode ser percebido pelo passageiro
observador, mas muito mais importante é a energia elétrica que supre os sistemas de comunicação e
navegação, as luzes externas, os sistemas de
corrente contínua de baixa tensão para as baterias
e, principalmente, os pára-brisas e janelas laterais
da cabine de comando. Elas são responsáveis pelo
maior consumo individual do sistema. Seu aquecimento
exige até 7,5 kW, o que evita o embaçamento total (a
temperatura externa à altitude de cruzeiro é de
cerca de 50†C negativos) e também serve para
"temperar" os vidros, tornando-os mais resistentes a
eventuais impactos de aves. Se ocorrer uma queda na
geração de energia, as galleys serão imediatamente
desligadas. É muito raro, mas é o único caso em que
o passageiro pode se lembrar das restrições
domésticas que deixou em terra firme.
Rio Sul
Fraternidade e esperança
Os terríveis acontecimentos de 11 de setembro em
Nova York e Washington lançaram uma dolorosa carga
de sofrimentos sobre toda a humanidade e abriram
inquietantes interrogações sobre os desdobramentos
da crise em todos os países e setores de atividade.
Não resta dúvida que a cruel ação terrorista jogou
por terra, além de edifícios, alguns sonhos de
fraternidade e de tolerância entre povos e nações.
Os terroristas não conseguiram, porém - e jamais o
conseguirão - matar a esperança que mora nos
corações preservados do vírus do ódio. Falharam - e
sempre falharão - na tentativa de destruir os bons
propósitos, o desejo de convivência dos homens de
bem, de todas as raças e religiões. Erraram - e
errarão sempre - ao imaginar que conseguiriam minar
a crença da humanidade em um futuro sem barbárie,
sem lugar para a covardia travestida de idealismo.
Também vítimas dos acontecimentos do dia 11 de
setembro, as companhias de aviação sofreram - e
ainda vão sofrer - profundos abalos, em vista da
retração que habitualmente acompanha os períodos de
instabilidade internacional. Já vivíamos, aliás,
tempos difíceis em razão da constante alta do dólar
e da elevação sistemática dos preços dos
combustíveis, que oneram pesadamente nossos custos.
Aqui na Rio Sul não estamos imunes aos efeitos dessa
maré negativa que se derrama pelos empreendimentos
em todo o mundo. No entanto, graças aos ajustes que
vimos realizando, estamos nos esmerando em esforços
para oferecer serviços cada vez melhores. Não
esquecemos nem o Menu Cultural, um conjunto de
refeições especiais criadas a partir de receitas de
alguns dos nossos maiores artistas de teatro, aos
quais a Rio Sul apóia com seu projeto Asas da
Cultura. O Menu Cultural tem-se constituído num
extraordinário sucesso, atestado pelas inúmeras
mensagens elogiosas que venho recebendo.
Também vamos oferecer já em outubro a qualidade e o
conforto do Boeing 737/700, numa versão especial
para nossos clientes. Decidimos tirar 24 das 144
poltronas que outras companhias usam nesse avião e o
resultado é que os passageiros contarão com o maior
espaço entre poltronas da aviação comercial
brasileira.
Voando no azul
Ao incorporar mês passado à sua frota o primeiro de
uma série de cinco Boeings 737/700 de última geração,
a Rio Sul desafia a crise que atinge a aviação
comercial - não só do Brasil, mas de todo o mundo -
e investe para oferecer aos seus clientes padrões
exclusivos de qualidade de vôo e de conforto. Nossos
técnicos retiraram nada menos de 24 das 144
poltronas do modelo padrão desse novíssimo avião,
deixando-o com apenas 120 lugares e o maior espaço
entre poltronas da aviação de nosso país.
Nos filmes de TV da campanha publicitária que apóia
o lançamento do 737/700, o ator Marco Nanini, em tom
bem-humorado, mostra que é hora de um movimento em
defesa dos executivos, essas pessoas especiais,
sempre atarefadas, que não tem tempo a perder e que,
muitas vezes, não recebem das empresas em que voam o
tratamento merecido. E os convida a voar no azul da
Rio Sul com o máximo de conforto e bons serviços.
Š bom que se diga sempre que, para nós da Rio Sul,
não basta oferecer o melhor avião. Também investimos
permanentemente no melhor sorriso de nossas comissárias
e pessoal de terra, no check-in mais rápido, na
reserva mais eficiente, no serviço de bordo mais
saboroso. Temos consciência de que sua preferência
em voar conosco é o reconhecimento desse trabalho,
mas, esteja certo, não estamos satisfeitos. Achamos
que podemos, sempre, fazer muito melhor. Essa crença
nos impulsiona a cada dia em busca da nossa utopia
particular: obter a sua satisfação absoluta.
O passageiro fantasma
Ele é minucioso, ranheta, implica com tudo, é capaz
de flagrar até se há um grãozinho de amendoim no
trilho da poltrona
Às 9h27 a funcionária Elisa, impecável em seu
uniforme e maquiagem leve, nos convida ao
atendimento. Ela é atenciosa, espontânea na dose
certa, mas mesmo assim o balcão é minuciosamente
examinado. Tudo bem: a face frontal de fórmica não
apresenta lascas e o galhardete que anuncia
descontos para certas viagens está bem colocado.
Ao pé da escada, o funcionário Arnaldo,
bem-apresentado e com identificação correta, nos
deseja boa viagem com bastante simpatia e
entusiasmo. Na poltrona encontra-se Ícaro Brasil,
edição Rio Sul; na galley traseira , jornais e
revistas de atualidade. A refrigeração durante o vôo
é agradável, a salada de broto de feijão
apresenta-se fresca e é bom e quente o cafezinho.
Parece que a limpeza do avião foi cuidadosa o
suficiente, não há sujeira nem no vão dos trilhos de
sustentação da poltrona.
O inglês do speech da comissária revela-se perfeito,
mas não foi possível entender direito o sobrenome do
comandante. No desembarque, o funcionário Josias nos
recebe ao pé da escada em postura correta e
atenciosa.
Junto à esteira das malas...
Quem pode ser o autor de um relatório assim? Um
passageiro neurótico, um funcionário-informante ou,
simplesmente, um tremendo chato?
Bem, é um pouco de tudo. Ele é um passageiro, pois
está a bordo; é um funcionário, mas não exatamente
da empresa aérea que o transporta - e é meio chato,
sim, porque esse é o seu trabalho.
Na Rio Sul ele tem um apelido entre carinhoso e
incômodo: Passageiro Fantasma. Na prática, ele é
apenas um funcionário de uma empresa especializada
em controle de qualidade. Um personagem, sim,
bastante misterioso. Nem Carlos Mateus Barbosa,
Gerente Geral de Planejamento, que contrata a
empresa para esse trabalho, saberia apontar, a bordo
ou na sala de embarque, o tal Passageiro Fantasma.
Assim, ele tem total liberdade de ação. Não sabe e
nem quer saber quais são as normas e os
procedimentos da Rio Sul em relação aos atos e fatos
que observa. Ele apenas observa - e relata.
Sabe-se que é impiedoso. Tudo vê, tudo registra. Já
quando liga para reserva, anota se foi atendido no
segundo, terceiro, ou oitavo toque do telefone. Na
loja, pode encasquetar até com o frescor das flores
em cima do balcão, com a maquiagem da funcionária, e
se a gentileza do funcionário era ou não
personalizada...
Sabe-se também que ele é justo. Ressalta a clareza e
lealdade com que o atraso de um vôo foi comunicado
aos passageiros na sala de espera. Elogia a presteza
e simpatia com que funcionários resolvem impasses
muitas vezes inevitáveis - Luísa disse que era uma
incorreção no PTA, dirigiu-se ao escritório, voltou
com Patrícia e o contratempo foi resolvido com
extrema rapidez e cordialidade... É capaz de anotar
também as mínimas melhoras em relação ao seu último
relatório, reconhecendo, por exemplo, que na
poltrona 8D foi acertado o espaço para o travamento
da mesinha...
No fim, como se vê, essa figura é, como todo
fantasma, um tanto perturbadora, mas não
necessariamente intransigente. No fim, como lembra
Carlos Mateus, todos ganham. Tanto a empresa que,
por meio dos relatórios, ajusta seus procedimentos
em busca da qualidade total nos serviços como os
funcionários que têm um motivo a mais para se manter
atentos. Mas o maior beneficiado é mesmo o cliente.
Onipresente, onisciente, esse fantasma é seu
advogado e porta-voz junto à empresa. Um olhar
rigoroso e uma voz autorizada - sempre a seu favor.
Os últimos relatórios do Passageiro Fantasma
registram com certa emoção a nova apresentação dos
pratos, copos e outros materiais de serviço de bordo
que, em cores prata e branco, comemoram os 25 anos
da Rio Sul. Dentre as receitas do Menu Cultural
assinado por artistas, ele anota que o sanduíche
sugerido por Christiane Torloni e os pratos
escolhidos por Fernanda Montenegro e Marco Nanini
estão particularmente deliciosos.
Pois é. Fantasma também tem coração.
VOANDO PARA LONDRES O PRIMEIRO BOEING 777
Na sempre fantástica história da aviação, poucos
aviões nasceram agradando igualmente aos
especialistas e passageiros como o 777 da Boeing.
Logo ao ser lançado recebeu o cobiçado prêmio Robert
J. Collier Trophy da National Aeronautic Association
dos USA pela "contribuição prestada a indústria
aeronáutica mundial". Pouco mais tarde (agora em
caráter único no setor da aviação) o desenho da
cabine de passageiro conquistou o Industrial Design
Excellence/USA - 92. Uma pesquisa mundial realizada
com 6.000 passageiros frequentes nas rotas das
Américas, da Europa e da Ásia revelou uma
preferência pelo 777 por parte de 80% entre os que
viajam de primeira classe, 75% para os usuários da
classe executiva e 82% na econômica.
Mesmo quem já se acostumou ao pioneirismo da VARIG
em jatos, vai se surpreender com a nova dimensão em
voos de longa duração representada pelo novo 777.
Por fora e por dentro ele transpira concepção
avançada que justifica os prêmios e os elogios.
O Boeing 777 tem uma presença imponente - é o maior
jato bimotor no mundo. Seus motores General Electric
com 95 mil libras de empuxo cada, estão no limite
máximo de potência que pode ser obtida de um motor a
reação, e são 40% mais potentes que aqueles
utilizados em bimotores da mesma categoria. Suas
dimensões - em números redondos - também são
generosas: 64 metros de comprimento, 61 metros de
envergadura das asas e 18,5 metros de altura (topo
do leme vertical fixo). O espaço interno impressiona
não só pelas dimensões geométricas (que superam as
de qualquer outro jato na mesma classe) como pela
sensação de espaço arejado proporcionado pelas
paredes laterais quase verticais, pela arquitetura
curvo-linear do teto e sua harmonização com os
amplos compartimentos de bagagem. Ao dividir as
acomodações em seis assentos na primeira classe, 49
na executiva e 232 na econômica, a VARIG abriu mão
de quase 20 lugares previstos na versão original em
favor do maior conforto para os passageiros. Os
tanques de combustível permitem voos sem escalas
para qualquer destino nas Américas e na Europa.
Cada classe oferece opções de entretenimento
dificilmente encontradas mesmo entre outros
operadores Boeing 777. As surpresas começam nos
equipamentos de vídeo interativos, monitores e
telefones individuais e terminam com o acesso à
internet - disponível a bordo de apenas três outras
companhias aéreas. O sistema vídeo/áudio
digitalizado é interativo e oferece dez canais de
filmes ou de jogos eletrônicos e 12 canais de som
estéreo. Os modernos fones são do tipo "controle
ativo" que elimina o ruído externo. O acesso à
internet (provedor Tenzing) permite ao passageiro
ligar seu laptop ao sistema de entretenimento e as
ligações telefônicas podem ser feitas da própria
poltrona. Viajar acima dos 10.000 metros a mais de
950 quilômetros por hora dentro de uma cabine ampla,
silenciosa, bem ventilada, com as excelentes opções
de áudio, vídeo, mais acesso à internet, jogos e até
e-mail, todo esse prazer de voar é possível desde já
na rota Rio-São Paulo-Londres da VARIG. Este mês
deve chegar o segundo 777.
Aquelas pontas de asa viradas
Juntas, VARIG, Rio Sul e Nordeste operam cerca de 85
Boeing 737, aviões que constituem a família de jatos
mais vendida no mundo em todos os tempos. Para a
maioria dos passageiros, todas as versões do 737 são
extremamente parecidas. Entretanto, com os primeiros
737-800NG (Next Generation, isto é, Próxima
Geração), a semelhança termina, graças a inclusão de
winglets. Trata-se daqueles prolongamentos - umas
"asinhas" viradas para cima, na extremidade das
asas. Esses aerofólios auxiliares reduzem os
vórtices gerados na ponta das asas, diminuindo o
arrasto do ar, o que proporciona uma sensível
economia de combustível e melhora o desempenho da
aeronave como um todo. Essas pequenas asas já são
vistas em muitos modelos, além de em todos Airbus:
em jatos executivos Cessna, Learjet e Canadair; nos
Jumbos Boeing 747-400; e mesmo nos projetos mais
recentes de aeronaves militares, executivos e
comerciais da Embraer. Contudo, ao contrário de sua
arqui-rival Airbus, a Boeing nunca havia recorrido a
winglets em seus jatos de pequeno e médio porte,
mantendo o projeto convencional das asas em quase
uma dezena de versões do 737.
A inclusão de winglets "de fábrica" começou quando a
Boeing, reconhecendo os benefícios que isso poderia
trazer a seus modelos (antigos e novos), tornou-se
sócia da Aviation Partners, uma especialista no
assunto com dezenas de pedidos em carteira, para a
instalação não só nos 737-800 (que originalmente
tinham sido projetados com asas convencionais) como
também na maioria dos Boeing voando pelo mundo todo.
Era só uma questão de bom senso tornar as winglets
um padrão nos modelos de fábrica. Vai ser fácil
reconhecer esses aerofólios nas aeronaves da VARIG.
Se você estiver viajando num desses aviões, tenha
certeza de que não existe nada de mais avançado
tecnologicamente em termos de bimotores a jato para
rotas curtas e médias.
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