ÍCARO BRASIL Nº 194, 195 e 196 -
Outubro, Novembro e Dezembro de 2000
Welcome
Inovação
e criatividade ao nosso alcance
Esta
edição de aniversário de Ícaro Brasil destaca um
assunto de particular importância ligado a O Bom do
Brasil: o tema é ótimo para ressaltar o que
conseguiram as pesquisas brasileiras em genética
humana, recentemente divulgadas, que atingiram
resultados efetivamente promissores. São realizações
desse tipo que nos encorajam e abrem um vasto portal
para novas incursões no fértil campo das ciências
aplicadas, onde certamente repousam muitas
esperanças do país e da humanidade.
É mais um
exemplo a mostrar que os nossos especialistas podem
participar do esforço mundial de inovação nas
disciplinas que muita gente pensa estarem restritas
aos povos de maiores recursos.
É curioso
lembrar que, no início dos anos 1900, o diretor do
Departamento de Patentes da Inglaterra sugeriu o seu
fechamento, por acreditar que nada mais havia para
ser inventado. De lá para cá o campo das
oportunidades passou a ser cada vez mais amplo.
Nesse sentido, permito-me dar um exemplo pessoal, de
quando pude, na Embraer, dar início ao projeto e ao
desenvolvimento de uma família de aviões que viria a
constituir uma das opções para o transporte regional
em muitos países. Como tudo, a idéia central era
simples e direta. No Brasil, as cidades servidas
pelo transporte aéreo regrediram de 360 em 1958 para
apenas 45 em 1963, deixando muito claro que um novo
conceito, o da aviação regional, estava pedindo para
ser formulado. Por felicidade do nosso grupo de
projetos, aquelas mesmas condições valiam para a
maioria dos países desenvolvidos, como tem
demonstrado a demanda pelos aviões da Embraer,
gerada a partir da década de 80.
O
resultado desse trabalho é o avião nacional surgindo
como importante item da nossa pauta de exportações.
Uma empreitada que o Brasil venceu, com esforço e
dedicação de uma notável equipe de técnicos e
especialistas que, contrariando aqueles que não
acreditavam ser possível ter no Brasil produtos de
tecnologia de ponta exportáveis, decidiu enfrentar o
desafio.
Hoje, numa
nova crise do petróleo, vislumbramos uma área à
espera de soluções criativas: a busca de fontes
alternativas de produção de energia, sem a poluição
dos combustíveis fósseis, cujos resultados podem
abrir extraordinárias perspectivas para a vida na
Terra. Assim, numa cultura bem menos hostil ao
empreendedor e ao inventor, a inovação está ao nosso
alcance. E por que não?
Direção
a seguir
Os
exemplos mais triviais do nosso dia-a-dia trazem
lições que podem ser adaptadas com clareza e
flexibilidade à vida das pessoas e das empresas. Às
vezes uma imagem singela pode ter muita força,
servindo como exemplo aplicável a situações e
assuntos complexos.
Assim, uma
simples placa de "contramão" - que não indica nada,
só traz proibição - remete para o conceito do "não-podismo",
a facilidade com que as pessoas se livram de um
problema (e/ou dos interessados), pela simples
negativa, que é a resposta sempre mais fácil, mais
curta e também a mais improdutiva e menos
esclarecedora de todas.
Aquela que
apenas fecha os caminhos, sem dar alternativa ou
solução para quem propõe uma questão. Uma fórmula
infelizmente muito usada na nossa área pública, com
as conseqüências que todos nós conhecemos e sofremos
na pele.
Assim,
também no relacionamento entre as pessoas de uma
organização, é preciso dar prioridade às informações
sobre a direção a seguir, sem obstruir os canais de
comunicação com a facilidade da negativa, já que a
informação que circula em direções conhecidas é
pré-condição segura para o bom desempenho de uma
empresa ou entidade.
Ao
iniciar-se o novo século e o novo milênio,
precisamos cuidar para que o comportamento da
sociedade brasileira passe longe do "não-podismo",
do "é proibido", trocando a placa de "contramão"
pela de "direção a seguir".
Eficiência, criatividade, inovação estão mais
presentes nos países em que não há o hábito de
obstar, onde funcionam as parcerias da sociedade e o
conceito de cidadania, numa permanente agenda de
sucesso.
A
indicação do caminho a seguir dá segurança às
pessoas, para que possam produzir mais e melhor,
sendo a riqueza acumulada por todos a única forma de
fazer a nação prosperar.
Direção a seguir
Parece uma frase banal, repetida por todo mundo, mas
é um conceito original de Benjamin Franklin
(1706-1790), um americano que conseguiu ser autor,
editor, gráfico, inventor, cientista - inventor do
pára-raio -, funcionário público e diplomata. Foi
chamado de "primeiro americano civilizado, apóstolo
dos tempos modernos". Declarada a independência
americana foi para a França, enviado pelo Congresso
de seu país, à cata de empréstimos e de consolidar a
libertação, missões em que teve bastante sucesso.
Chegou a se corresponder com os inconfidentes de
Minas Gerais, ávidos de conhecer detalhes de como os
americanos tinham conseguido se libertar da
Inglaterra.
Sua frase continua atual, aplicável às companhias
aéreas, já que o tempo é parâmetro de mensuração de
tudo o que fazemos. E a eficiência no desempenho das
tarefas é o denominador comum das nossas frações.
Assim, quanto menor o tempo despendido em qualquer
atividade, melhor os resultados possíveis de
conquistar, numa empresa onde a velocidade é
matéria-prima. Nós vendemos tempo, uma mercadoria
valiosa, perecível e sempre escassa, que todos os
passageiros estão comprando, embora não saibam disso
na hora de adquirir seu bilhete. Por outro lado,
nosso maior aliado na conquista dos passageiros é a
falta de tempo deles, já chegar rápido a algum lugar
é o objeto de desejo de quem viaja.
Dou um pequeno mas significativo exemplo de como nos
preocupamos em ganhar tempo para os clientes:
inauguramos, há poucos dias, uma bem equipada loja
VARIG no World Trade Center, em São Paulo, para que
os executivos dos diversos hotéis da zona sul da
cidade possam ter um atendimento rápido e de
primeira. Melhor ainda para quem estiver hospedado
no hotel do lado, o Meliá, de cujo topo em breve
estará operando uma linha regular de helicópteros
para o aeroporto internacional de São Paulo. E como
muitos dos nossos vôos internacionais saem à noite,
e o checkout dos hotéis é no máximo às duas da
tarde, o executivo pode passar suas horas de espera
trabalhando naquele espaço, especialmente projetado
para ele. Afinal de contas, como afirmava Franklin,
tempo é dinheiro...
Ozires Silva
Presidente da VARIG
Entenda
seu vôo
Heróis
esquecidos
Vistos
isoladamente, os pneus de um jato, mesmo os de um
Boeing 747, não impressionam: cada um deles não tem
mais de 125 centímetros de diâmetro por 55
centímetros de largura. Para suportar um Jumbo são
precisos quatro truques de quatro rodas, dois
embaixo de cada asa, mais outro truque com duas
rodas sob o nariz. É o peso total de uma aeronave
que dita como será seu trem de pouso, de modo que
propicie uma distribuição de esforços compatível com
a resistência de pistas e pátios. Num 747 totalmente
carregado, isso pode representar cerca de 25
toneladas por roda, desprezando-se a contribuição do
truque do nariz. Cada pneu (sem câmara) contém
nitrogênio a uma pressão de até 300 libras por
polegada quadrada.
Embora o
pouso seja espetacular por causa do ruído que
provoca, da fumaça que levanta e da borracha deixada
na pista, são as operações de taxiamento e decolagem
que determinam a longevidade dos pneus. A deformação
e a recuperação do formato do pneu sob peso total
durante o taxiamento e a decolagem - que podem
alcançar oito quilômetros de cada vez -- provocam
intenso aquecimento. Na média, os pneus do trem
principal são substituídos a cada 120 operações, mas
isso nem de longe significa sua aposentadoria.
Quando estão desgastados mas em condições de
perfeita integridade da borracha e das lonas, eles
são enviados a oficinas altamente especializadas
(homologadas pelas autoridades aeronáuticas), para
serem recuperados. Isso pode ser repetido até oito
ou dez vezes, sem que haja sacrifício de desempenho.
É até
explicável que os pneus e os trens de pouso em que
estão montados passem despercebidos, já que parecem
meros apêndices que até destoam do aspecto estético
dos jatos de passageiros. Contudo, os pneus são os
últimos a partir e os primeiros a chegar.
Quanto
combustível?
O cálculo
da quantidade mínima de combustível necessária para
um vôo leva em conta, inclusive, o consumo em terra
durante o taxiamento. Esse procedimento vale tanto
para um vôo curto de ponte aérea como para um
intercontinental. Esses extremos podem ser
representados por duas das mais conhecidas aeronaves
do mundo: os Boeing 737 e 747. A primeira, utilizada
em rotas curtas e médias, tem uma capacidade máxima
de combustível entre 20.000 e 26.000 litros,
enquanto o Jumbo pode levar até 217.000 litros.
Contudo,
todo o gerenciamento do combustível é feito em
quilos. O peso médio de um litro de querosene de
aviação é de 800 gramas. Um 737 pode transportar, no
máximo, de 16 a 21 toneladas de querosene, enquanto
os tanques de um Jumbo 747-400 são capazes de conter
até 175 toneladas. Esse peso considerável é
transportado principalmente no interior das asas, em
diversos compartimentos. No caso do 747 são três
tanques em cada asa, mais um na fuselagem e outro no
estabilizador. No extremo oposto estão os dois
tanques em cada asa dos jatos menores. Mesmo quando
esses tanques não estão totalmente abastecidos, o
peso de seu conteúdo exerce uma força que tende a
flexionar as asas para baixo. As asas dos 737 e 747
ainda suportam as toneladas que pesam os motores
montados sob elas. Mas o peso conjunto do
combustível e dos motores de fato permite que se
projetem estruturas e asas mais leves. Em vôo, a
sustentação das asas provoca uma forte flexão para
cima, que é neutralizada em parte pelo peso que as
asas carregam. Esse é também o motivo pelo qual
queima-se primeiro o combustível dos tanques
internos (mais próximos à fuselagem), reservando-se
para depois o dos mais próximos às pontas das asas,
onde o peso do querosene tem maior efeito para
equilibrar a flexão para cima.
Ernesto
Klotzel
Editor de Aviação
Rio Sul
O avião certo na hora certa
Um momento bastante ingrato para qualquer
companhia aérea é ver um dos seus aviões
decolando com um grande número de poltronas
vazias. Mesmo para o passageiro pode ficar a
sensação, injustificada, de que ele estaria,
de certa forma, pagando por aqueles assentos
vagos. Mas é igualmente desanimador para a
empresa quando o número de passageiros
dispostos a viajar num determinado horário
transcende em muito a capacidade do avião
disponível.
Por isso é tão importante para uma empresa
aérea dimensionar bem sua frota em relação à
demanda do seu mercado selecionado, levando
seriamente em conta as reais necessidades do
seu cliente. Com certo orgulho devo dizer
que a Rio Sul vem fazendo isso muito bem,
colocando o tipo de aeronave adequado à rota
e ao horário pretendidos pelo cliente. Sua
moderna e diversificada frota permite que se
programem aeronaves de 50, 117 ou 132
assentos, de acordo com a demanda de cada
momento e destino.
Nos horários de pico, ou seja, pela manhã e
à noitinha, a Rio Sul opera com aeronaves
Boeing de 117 ou 132 assentos. Nos horários
intermediários, de menor demanda, são
programados os Jet Class de 50 assentos. Com
isso, o cliente Rio Sul pode ter sempre
atendido seu pedido de reserva. Nosso
objetivo, como costumamos anunciar, é o vôo
certo na hora certa, ou o avião certo na
rota certa. Não se trata de um mero jogo de
palavras. Por trás delas estão uma frota
versátil, um cuidadoso planejamento de vôos
e uma longa vivência de cada região e
aeroporto do país.
Percy Rodrigues
Presidente da Rio Sul Linhas Aéreas
Acolhedoras, bem equipadas: as novas
salas vip da rio sul
Curitiba, Vitória e Campinas já tem as suas,
mas outras capitais logo serão também
contempladas
Quem viaja a trabalho precisa de conforto.
Entre compromissos agendados, embarques e
conexões, o tempo de espera nos aeroportos
pode transformar-se em um momento de
descontração. Um ambiente especial aguarda
pelos clientes da Rio Sul em Curitiba,
Campinas e Vitória. São salas VIP com todo o
conforto e infra-estrutura para transformar
a passagem pelo aeroporto numa oportunidade
de refazer as energias em um ambiente
relaxante, verificar o e-mail ou
simplesmente tomar um drinque assistindo ao
noticiário.
A
Rio Sul começou a criar salas VIP há um ano.
Capital de um Estado que nos últimos anos
atraiu quatro indústrias automobilísticas,
Curitiba vem recebendo um número crescente
de executivos do país e do exterior. Por
suas características especiais, foi
selecionada como piloto para esse serviço. A
segunda sala foi aberta em Vitória,
refletindo o aumento do trânsito de
passageiros VIP nas ligações com Rio de
Janeiro e São Paulo. A mais recente das três
foi criada no mês passado em Campinas, onde
a Rio Sul opera 69 vôos semanais para todo o
país, embarcando a cada mês aproximadamente
dez mil clientes.
Quatro outras cidades terão também salas VIP
da Rio Sul: São Paulo (Congonhas), Rio de
Janeiro (Santos Dumont), Brasília e Belo
Horizonte (Pampulha). Para isso, já foi
pedido o espaço necessário à administração
dos respectivos aeroportos. Ao todo a Rio
Sul investiu cerca de R$ 170 mil na criação
das três salas, além de promover parcerias
com empresas de computação e provedores de
acesso à Internet que disponibilizam
gratuitamente os seus serviços.
Globalização
Atender pessoas identificadas com a
categoria VIP significa entender a
necessidade de comunicação rápida e
eficiente, tão em moda nos dias de economia
globalizada. Por isso, as salas VIP são
equipadas com linhas telefônicas, fax,
computadores e acesso à Internet, tornando
mais fácil e reservado o contato com a
família ou com o escritório. Além da
Internet, as notícias (ou simples
divertimento) chegam também pela TV aberta e
canais a cabo.
Esses serviços estão disponíveis nas salas
VIP de Curitiba e Campinas e serão
estendidos a Vitória até janeiro, quando
estiver concluída a ampliação das
instalações. Da atual capacidade para 30
pessoas, a sala VIP da capital capixaba vai
dobrar de tamanho para atender com todo
conforto até 55 convidados, como já acontece
nas duas outras cidades.
Em
todas elas, um serviço de bufê oferece
bebidas, frutas e petiscos, evitando que o
cliente tenha que se deslocar pelo
aeroporto, carregando sua bagagem de mão,
para encontrar o que deseja. Esse serviço
estará reforçado até o final do ano por uma
parceria com a Sadia, que promove nas três
salas VIP e na sala de embarque da Rio Sul
em Congonhas a degustação de frios e outros
produtos de baixas calorias para todos os
convidados.
Mas não é só o corpo que precisa de conforto
e prazer. Na sua decoração, as salas VIP da
Rio Sul procuram alimentar também o gosto
pela arte, traduzido em pinturas e peças de
artistas brasileiros como Abdiá. Suas obras,
que incorporam mecanismos de relógios e
transistores de rádio, estão expostas em
Curitiba, assim como outros pintores e
escultores que, em caráter permanente ou
temporário, completam com requinte e bom
gosto o ambiente VIP.
Acesso
Para chegar às salas VIP da Rio Sul nos três
aeroportos basta procurar pelo acesso
principal de embarque, onde as bagagens de
mão são inspecionadas por raios X. Com isso,
fica garantida a segurança de todos os
convidados. Têm acesso às salas VIP os
clientes com cartão Ouro e Diamante do
programa Smiles de milhagem, assim como os
portadores de cartão Gold da Star Aliance e
convidados, em todos os vôos regulares da
Rio Sul.
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Windows
O Legacy da Embraer
A tendência atual de alguns VIPs do mundo dos
negócios e da administração pública é utilizar jatos
executivos que reúnam características só encontradas
até há pouco em aviões comerciais. Além da
velocidade comum à maioria dos modelos, isso
significa mais conforto, espaço para trabalhar ou
descansar e um alcance de milhares de quilômetros
sem escalas. Os "top de linha" têm sido até agora
versões dos jatos comerciais Boeing 737-700 e Airbus
A319. O Boeing Business Jet e o Airbus Corporate
Jetliner, lançados há cerca de três anos, somam
cerca de 70 encomendas. A seu preço elevado -
comparável ao dos modelos comerciais - é acrescido o
custo variável do "recheio", constituído por
instalações para trabalho, conforto, entretenimento
e ambientação geral.
A Embraer resolveu entrar no páreo, aproveitando a
ampla aceitação mundial de seus dois modelos
regionais ERJ-135 e ERJ-145, que, juntos,
totalizavam em agosto 703 encomendas firmes, 144
opções de compra e 288 entregas a 15 países. Na
última Feira de Farnborough, na Grã-Bretanha, a
empresa de São José dos Campos anunciou o lançamento
do Legacy, um jato executivo baseado no ERJ-135 a um
preço (sem instalações internas) de US$ 19 milhões.
Com uma cabine de 2,10 metros de largura e 1,82
metro de altura e 128 m3 de volume interno, o Legacy,
embora menor que os jatos da Boeing e da Airbus, se
presta às mais flexíveis configurações internas,
podendo ser dotado de ambientes de trabalho, de
descanso, áreas privativas e tudo o mais que não
pode ser oferecido em jatos comerciais. Destes, ele
oferece altitude de cruzeiro acima da camada do
tempo, velocidade de cruzeiro superior aos 800
quilômetros por hora e um alcance de 5.900
quilômetros, com oito passageiros a bordo.
O novo jato executivo já foi "descoberto" pela
empresa norte-americana de vôos charter Swift
Aviation e pela Força Aérea da Grécia. Juntas, elas
fizeram uma encomenda inicial de 26 Legacy com opção
de outras 25 aeronaves.
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